15 de outubro de 2010

Reflexões de Fernando Pessoa sobre a Maçonaria

(…) Iniciar alguém, no sentido hermético, é conferir-lhe conhecimentos que ele não poderia obter por si, quer pela leitura de livros, quer pelo exercício da sua inteligência, por forte que ela seja, quer pela leitura de livros à luz dessa mesma inteligência. (…)

(…) É essencial em primeiro lugar, que o profano seja, de índole e mentalidade, um simbolista, isto é, um indivíduo para quem os símbolos são coisas, vidas, almas e para quem paralelamente as coisas e os homens tenham, em certo modo, a vida irreal e analógica dos símbolos. (…)

(…) Aquilo a que se chama “Iniciação” é de três espécies: Há, primeiro, e no nível ínfimo, a Iniciação exotérica, análoga à Iniciação Maçónica, e de que esta é o tipo mais baixo: É a Iniciação dada a quem propriamente se não encaminhou para ela, nem para ela se preparou, e que serve para pôr o indivíduo em condições de poder dar-se o caminho exotérico de poder buscar, pelo contacto, embora exotérico, com símbolos e emblemas, o verdadeiro caminho. O mais exterior e nulo dos sistemas iniciáticos – como é hoje a Maçonaria – serve este fim, logo que tenha conservado os símbolos pelos quais em nós se infiltra o primeiro conhecimento do oculto. (…)

(…) A Maçonaria é um esquema simbólico, através de cuja linguagem, uma vez gradualmente compreendida, certos conhecimentos se vão obtendo, que fariam pasmar os Maçons vulgares, ainda os de alto grau. Ora os dirigentes superiores da Maçonaria forçosamente são aqueles que entendem e usam o que está contido nesses símbolos. E o que está contido nesses símbolos são os ensinamentos comuns à Cabala e ao chamado Budismo Esotérico. (…)

(…) O Templo de Salomão é a alma humana. A sua expressão interna e suprema. O Mestre Hiran, é morto pelos três assassínios. O Mundo (o desejo dos outros), a Carne (o desejo de si) e o Diabo (o desejo de mais que si) e é este último que dá ao Mestre na fronte o golpe mortal. A Grande Obra é o elaborar em nós no sentido estrito e pessoal, a transmutação do chumbo do nosso ser perecível no ouro do nosso ser que não parece. (…)

(…) São três os caminhos da Iniciação – pela emoção, pela vontade e pela inteligência (ou seja pelo enxofre, pelo sal, e pelo mercúrio). A Iniciação pela emoção adquire-se pela imersão em qualquer religião e pelo misticismo que haja nela. A Iniciação pela vontade adquire-se pertencendo a uma Ordem Iniciática qualquer, a Iniciação pela inteligência faz-se solitariamente, sem contacto fluido ou sólido com qualquer religião ou ordem, o único contacto é aquele, angélico com os Superiores Incógnitos. (…)

(…) A expressão “Vale” de que se usa para definir um lugar de instituições maçónicas é um acto de humildade e verdade, que a Ordem seguiu por indicação superior. É a definição da baixa qualidade da iniciação que ela ministra, em relação à alta iniciação nas altas Ordens onde é referida sempre uma montanha, seja a de Heredon seja a de Abiegno. Pode ser que estas coisas nunca houvessem sido combinadas em palavras, mas ficaram certas nos factos. (…)

(..) No último e excelso sentido a Loja é o Arcano ou a arca da Verdade. O Mestre e os Dois que estão com ele no governo da Loja são o símbolo das três verdades fundamentais ou Cabalísticas. Os Dois que, com estes três, formam os Cinco que completam a Loja são o símbolo dos princípios externos ou de relação, por meio dos quais a Verdade é o único que conta (…).

(…) Os últimos dois princípios pelos quais a Loja se torna perfeita são: O que está em cima é como o que está em baixo, e Quando o discípulo está pronto o Mestre está pronto também. (…)

(…) E é evidente para todos que desde que a Palavra se perdeu, quantos maus caminhos e fingimentos de caminhos surgiram.
Os que mentem, mentem por devoção a um anseio de busca. Ainda os que viciam, viciam para fingindo que encontraram, e satisfazerem a sua sede de encontrar. O filtro da Palavra Perdida tornou-os seus amantes, e seguem atrás dela como cavaleiros errantes sem dama certa, por vias e florestas de sonho e erro, na eterna selva escura do conhecimento imperfeito. (…)

(…) É impossível chegar a qualquer entendimento íntimo da Maçonaria sem ter conhecimento da chamada Ciência Hermética, que vai desde as especulações hiper-metafísicas da Cabala até às semi-metafísicas da Astrologia. Se um Maçon, por instruído que seja no que é pensamento maçónico e meditador que tenha sido da simbólica da sua Ordem, não tiver levado os seus estudos até aos vários ramos da Ciência Hermética – alguns dos quais sem relação alguma aparente com a Maçonaria – ficará perenemente um profano de dentro. (…)

(…) Creio na existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes desses mundos, em experiências de diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros Entes, igualmente Supremos, que hajam criados outros Universos, e que esses Universos coexistam com o nosso interpenetradamente ou não. Por essas razões, e ainda outras, a Ordem Externa do Ocultismo, ou seja, a Maçonaria, evita (excepto a Maçonaria anglo-saxónica) a expressão “Deus”, dadas as suas implicações teológicas e populares, e prefere dizer “Grande Arquitecto do Universo”, expressão que deixa em branco o problema se Ele é Criador, ou simples Governador do Mundo. Dadas estas escalas de seres, não creio na comunicação com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual, podemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. (…)

http://www.gremiolusitano.eu/?page_id=89

Encontrando Falhas

Isa Ibn Abdulwahab Al-Hindi manteve largas e freqüentes conversações durante anos, sobre qualquer tema imaginável.
Um dia, certo sheik muito respeitado foi visitá-lo e lhe disse:
- Meu coração está pesado, porque me disseram que me tens criticado em muitas ocasiões.
Isa disse:
- Eu disse vinte vezes que há grande diferença entre tuas palavras e tuas ações. Podes duvidar de que isto é verdade?
O sheik respondeu:
- Gostaria de escutar as bases sobre as quais fundas minha culpa.
Isa falou:
- As conhecerás no momento em que reconheças que em duzentas ocasiões o tenho louvado diante das mesmas pessoas que agora, em nome da exatidão, busca separar-nos. Dizer a metade da verdade é igual a não dizer nada. Dizer somente a décima parte da verdade é igual a mentir.

http://www.sertaodoperi.com.br/poesiasufi/domes.htm

A Linguagem dos Pássaros

Um grupo de pássaros desejava encontrar a seu rei; então pediram à poupa sábia (um pássaro com crista em forma de abano) que lhes ajudasse em sua busca. A poupa lhes disse que o rei que estão procurando se chama Simurgh (que significa em persa “Trinta Pássaros”) e que vive escondido na montanha de Kaf, porém é uma viajem muito difícil e perigosa. Os pássaros imploram à poupa que os guie. A poupa aceita e começa a ensinar a cada pássaro de acordo com seu nível e temperamento. Ela lhes diz que para alcançar o alto da montanha, necessitam atravessar cinco vales e dois desertos; quando tiverem passado o segundo deserto, entrarão no palácio do rei.
Os de vontade débil, temerosos da viagem, começam a por desculpas. O louro, que é egocêntrico e egoísta, diz que no lugar de ir em busca do rei, buscará o Santo Gral. O pavão real, a ave legendária do paraíso, exclama que tem sonhado que voltará ao céu e que vai esperar pacientemente esse dia. A pata, se lamenta porque sua vida depende de estar próxima da água e morreria se si separasse dela. A garça tem uma desculpa similar; não lhe é possível viajar longe do mar, porque seu amor pela água é tão grande que, embora permaneça sentado durante anos à sua margem, não tem ousado beber nem uma gota, se não o mar acabaria sem água. A coruja declara que prefere ficar e buscar as ruínas com a esperança de encontrar um tesouro algum dia. O rouxinol diz que não necessita viajar, porque está enamorado da rosa e este amor é suficiente para ele. Possui os segredos do amor que nem outra criatura tem; e com uma voz maravilhosa canta ao amor:
- Conheço os segredos do amor. Toda noite derramo meu canto de amor. A música mística da flauta se inspira em meu lamento, e sou eu quem faz desabrochar a rosa e comover os corações dos namorados. Ensino mistérios com minhas tristes notas, e quem me ouve se perde em êxtase. Ninguém conhece os meus segredos, unicamente a rosa. Tenho me esquecido de mim mesmo e só penso na rosa. Alcançar a Simurgh está acima de mim! O amor da rosa é suficiente para o rouxinol!
A poupa que escutou pacientemente responde ao rouxinol:
- Tu estás preocupado com a forma exterior das coisas, pelos prazeres de uma forma sedutora. O amor da rosa tem lançado espinhos a teu coração. Não importa quão grande seja a beleza da rosa, se desvanecerá em poucos dias; e o amor a algo tão passageiro só pode causar repulsa ao perfeito. Se a rosa te sorri é só para enxerte de dor, porque ela rir-se de ti a cada primavera. Abandona a rosa e seu quente calor.
A poupa deleita os pássaros com maravilhosas histórias daqueles que têm feito a perigosa viagem.
Depois de ter ouvido as histórias da poupa, os pássaros estão inspirados para começar sua viajem até o primeiro vale.
Entretanto, logo começam a ter problemas, e se dão conta de que o caminho vai ser mais difícil do que haviam imaginado. Alguns voltam a por desculpas. Um afirma que a poupa não é suficientemente sábia para conduzi-los. Outro se queixa que satanás lhe tem possuído e lhe está pondo as coisas difíceis. E outro expressa seu desejo de ter dinheiro e a comodidade de uma vida de luxo.
Finalmente, a poupa decide que a única forma para que os pássaros compreendam, é descrever-lhes os sete vales e desertos da viajem. O primeiro é o Vale da Busca. Aqui se busca a Verdade com inquietude, diz a poupa. Com constância, se busca um significado maior ao propósito da vida. Só um buscador com dedicação pode atravessar a salvo o primeiro vale e ir ao segundo, o Vale do Amor. Aqui se sente um desejo ilimitado de ver ao Rei Amado. Um fogo abrasador começa a crescer no coração e se faz devastador. O lugar é mais perigoso que o primeiro vale, porque há obstáculos no caminho para por a prova o amor. Entretanto esse mesmo amor impulsiona ao buscador sair do vale e ir até uma terra mais alta: o terceiro vale, o Vale do Conhecimento. Uma vez que se entra nesta terra, o coração se ilumina com a verdade. Se adquire aqui o conhecimento interior do Amado. Deste lugar o viajante continua a viajem ao Vale do Desapego, onde perde seus desejos de possessões mundanas. Não existe ataduras com o mundo material para o viajante que atravessa esse vale; liberado dos desejos agora o aspirante é completamente independente.
Cada novo lugar que o buscador encontra é mais perigoso que o anterior e deve ser explorado passo à passo, porque cada um contém suas próprias provas e dificuldades. Assim, cada encontro com uma terra diferente é uma experiência nova.
O quinto vale é o Vale da Unidade. O viajante experimenta nele que todos os seres são unos em essência, que toda variedade de idéias, experiências e criaturas da vida tem realmente uma só fonte.
O viajante chega ao Deserto do Medo. Então se esquece da existência de si mesmo e de todos os demais. Vê a luz, não com os olhos da mente, sim com os olhos do coração. A porta do divino tesouro, o segredo dos segredos, se abre. Nesta terra, o intelecto já não funciona. Aqui se pergunta ao viajante quem é e o que és, responde: “Não sei nada.”
Finalmente chega ao Deserto do Aniquilamento e da Morte. Neste ponto, o aspirante entende finalmente como uma gota se funde no oceano da unidade com o Amado. Tem encontrado o destino da viajem para encontrar ao rei.
Depois de ouvir a descrição da poupa sobre o que lhes espera, os pássaros se animam tanto que imediatamente continuam sua viajem.
No caminho alguns morrem pelo calor e se jogam no mar. Outros se cansam e não podem continuar; um grupo é caçado por animais selvagens e outros mais se distraem tanto pelo atrativo das terras que atravessam, que se perdem e ficam para trás. Só trinta alcançam seu destino: a montanha de Kaf.
No palácio real, o guarda da entrada trata cruelmente os trinta pássaros. Mas os pássaros, que têm passado o pior, são tolerantes e não se permitem sentir-se molestados por sua dureza. Finalmente, o servidor pessoal do rei sai e conduz os pássaros ao salão real. Ao entrar, os pássaros olham tudo assustados. Não sabem o que ocorre, porque no lugar de ver a Simurgh, “Trinta Pássaros”, tudo o que vêm é... Trinta Pássaros.
Finalmente compreendem que, olhando-se a si mesmos, têm encontrado ao rei, e que em sua busca do rei, têm encontrado a si mesmos.
Os que atravessam as sete cidades do amor se purificam. Quando chegam ao palácio real, encontram ao rei que se revela a seus corações.

"Fariduddin Attar"
(extraído do livro: História de la Tierra de los Sufíes)

Utopia - assistam até o fim...

6 de outubro de 2010

Um Maçom no Inferno

Certa vez, perguntaram para um sábio MM:

Por que existem IIr.’. que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outros sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogados num copo de água?

O sábio MM sorriu e contou esta história…

“Era um IIr.’. que viveu toda sua vida, fiel às palavras do GADU (Grande Arquiteto do Universo), quando passou para o Or.’. Eterno, todos os IIr.’. disseram que ele iria para o céu. Um Ir.’. tão bondoso, caridoso,estudioso, cumpridor dos seus deveres só poderia ir para o céu e ficar ao lado do GADU.

Mas houve um erro em sua chegada ao céu.

O Anjo Ir.’. da secretaria que o recebeu, deu uma olhada rápida em suas pranchas, e como não viu o nome do Ir.’. na lista de Obreiros, lhe orientou para ir ao Inferno.

Disse: “No inferno, você sabe como é, ninguém exige carteirinha com CIM, qualquer um é convidado a entrar”

Assim o Ir.’. foi resignado, entrou e ficou lá.

Alguns dias depois o Diabo chegou furioso às portas do Paraíso, para tomar satisfações.

"Isto não é Justo nem Perfeito! Nunca imaginei que fossem capazes de uma coisa como essa.”
O Diabo, transtornado, desabafou:

“Vocês mandaram aquele Ir. ‘. para o inferno, ele está fazendo a maior bagunça lá. Ele chegou escutando as pessoas, meditando e refletindo numa tal pedra bruta, olha nos olhos delas, fala sobre vigilância e perseverança, cavar masmorras aos vícios, agora esta todo mundo dialogando, se abraçando, dizendo coisas horríveis como fraternidade, igualdade, liberdade, o Inferno
esta parecendo o paraíso.”

Então fez um apelo: “Por favor, pegue aquele Ir.’. e traga-o para cá!”

Quando o Sábio MM terminou de contar esta história olhou carinhosamente e disse:

Viva sempre com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.

Os problemas fazem parte da nossa vida, porém não deixe que eles o transformem em uma pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo, testando nossa natureza e as vezes você não terá escolha. Enfrente de coração aberto, com amor e doçura, empregue seu conhecimento, seu estudo, se você não tiver estudo nem conhecimento, reveja seus conceitos e se for necessário retorne ao processo onde você teve que morrer para renascer e comece a construir o seu templo interior novamente, nunca é tarde demais para recomeçar.


Autor desconhecido - Recebido por e-mail

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