17 de fevereiro de 2010

Carnaval - História, Símbolos e Tradições.

CAPÍTULO I
O Carnaval Originário
 
(Do IV milênio a.C. ao século VII a.C.).
 
O Carnaval Originário tem como marco inicial a criação dos cultos agrários e, como ponto final a oficialização das festas a Dioniso, durante o reinado de Pisistrato na Grécia, de 605 a 527 a.C.
 
 
O PRIMEIRO CENTRO DE EXCELÊNCIA DO CARNAVAL
O Primeiro Centro de Excelência do Carnaval se localiza no Egito. É o modelo mais simples de carnaval e consta de danças e cânticos em torno de fogueiras, incorporando-se aos festejos, máscaras e adereços e, à medida que as sociedades evoluem para a divisão de classes, orgias e libertinagens (na acepção de liberdade, culto ao corpo, ao belo humano). Os festejos logo se ligam a totens e deuses ( é importante e relevante lembrar que o fogo, água, terra e o ar entram em conjunção com as forças vitais  sobre as quais  repousam o universo).
 
 
As  Origens
As origens do Carnaval são obscuras e longínquas. Sua memória vem do inconsciente coletivo dos povos. Não temos como comprovar cientificamente o nascimento do Carnaval, entretanto, baseados em pesquisas da história da evolução do homem deduzimos que os primeiros indícios, do que mais tarde se chamaria Carnaval, surgiram dos cultos agrários ao tempo da descoberta da agricultura. Esclarecemos, ainda, que há dúvida quanto a data da descoberta da agricultura. Sabemos, no entanto, que o surgimento da agricultura só ocorreu após o final da última glaciação da Terra, há, aproximadamente, 10.000 anos a.C., quando melhores condições climáticas fizeram surgir nos lugares das imensas e inóspitas geleiras, bosques e pradarias, ricas em recursos animais e vegetais. O novo ambiente da Terra fez com os humanos saíssem das cavernas para os campos. Livres da predação dos grandes animais, desaparecidos, os homens evoluíram para domesticação e criação dos animais e cultivo dos vegetais (sedentarização).
Favorecidos pelos humos (ou limo) que deixavam extremamente fértil as terras irrigadas pelo rio Nilo, teriam sido os povos que, primitivamente, habitavam suas margens e que a partir de 4000 anos a.C. evoluíram para as unidades políticas chamadas “Nomos”, os verdadeiros criadores da agricultura e dos cultos agrários.  O homem começou a entrar no reino da utopia  através da comemoração. No momento da festa se desligava das coisas ruins, que concretamente tinham ido embora (o inverno que o prendiam aos abrigos) e saudava o que lhe parecia um bem ( a entrada da primavera, o término das enchentes do rio Nilo, o nascer e o pôr do sol), com danças e cânticos para espantar as forças negativas que prejudicavam o plantio.
 
Principais Cultos Agrários
- No Egito, festa da Deusa Ísis e do Boi Apís.
-Na Pérsia, festas da deusa da Fecundidade Naita e de Mira, deus dos Pastores
- Na Fenícia, Festa da deusa da Fecundidade Astarteia.
- Em Creta, festa da Grande Mãe, deusa protetora da terra e da fertilidade, representada por uma pomba.
- Na Babilônia, as Sáceas, festas que duravam cinco dias e eram marcadas pela licença sexual e pela inversão dos papéis entre servos e senhores, e pela eleição de um escravo rei que era sacrificado no final da celebração.

Dr.Hiram Aráujo
Livro "Carnaval"


CAPÍTULO II

O Carnaval Pagão
 
(Do século VII a.C. ao século VI d.C.)
O Carnaval Pagão começa quando Pisistráto oficializa o culto a Dioniso na Grécia, no século VII a.C. e, termina, quando a Igreja adota, oficialmente, o carnaval, em 590 d.C.

  
O SEGUNDO CENTRO DE EXCELÊNCIA DO CARNAVAL 
 
O Segundo Centro de Excelência do Carnaval localiza-se na Grécia e em Roma, entre o século VII a.C. e VI d.C.. Com as sociedades já organizadas em castas e rígidas hierarquias, com a nobreza, o campesinato e os escravos, nitidamente separados por classes acentuam-se as libertinagens e licenciosidades, provocadas, ao que se supõem, pela necessidade de válvulas de escape ( era o culto ao corpo sem culpa da filosofia escoástica). Sexo, bebidas e orgias incorporam-se, definitivamente, às festas que, juntamente com o elemento processional e a inversão de classes, compõem o modelo que alguns autores consideram o fulcro estético e etimológico do carnaval..
 
 
 
As  Dionísias Gregas
Dioniso: de Dio (s), céu, em Trácio e Nysa, filho do céu, também chamado Baco - ambos nomes de origem grega, sendo que Baco aparece pouco mais tarde na literatura grega (em Édipo Rei, de Sófocles - século V a.C.)- tem outros epítetos, como IACO, BRÔMIO e ZAQUEU.
Esses nomes, com o mesmo significado ,surgem em cultos no mundo do Mediterrâneo.
IACO: Grande grito, era o deus que conduzia a procissão nos mistérios de Eleuses (Grécia) com exclamações coletivas de entusiasmo dos peregrinos.
BRÔMIO: Significa “estremecimento, ruído surdo e prolongado”. Era uma espécie de transe que se apossava dos adoradores do deus durante o seu culto.
ZAQUEU: Nome com que Dioniso era conhecido, sobretudo, na Ásia Menor e em Creta. Zaqueu é o grande caçador que aparece em algumas peças de Esquilo, no século VI a.C..
 
DIONISO, como era mais conhecido, permaneceu por longo tempo confinado nos campos, somente aparecendo, tardiamente, na Pólis de Atenas.
A explicação é dada por Junito de Souza Brandão em sua Mitologia Grega, (pág. 117 e 133): “Viu-se que o deus do êxtase e do entusiasmo, até mais ou menos a década dos anos 50, era considerado como uma divindade que chegara tardiamente à Hélade. Pois bem, a partir de 1952, as coisas se modificam: é a decifração de uma parte dos hieróglifos cretomicênicos por Michael Ventris, segundo se mostram no Volume I, pág. 53 ou mais precisamente, a decifração da linear B, consoante a classificação de Arthur Evans, demonstrou que o deus já estava presente na Hélade, pelo menos desde o século XIV a.C., conforme atesta a tabela X de Pilos. Há de se perguntar por que um deus tão importante, já documentado no século XIV, só se manifesta de forma aparentemente grotesca, no século IX e só a partir dos fins do século VII a.C. tem sua entrada solene na mitologia e na literatura? É quase certo que o adiado aparecimento de DIONISO e sua tardia explosão no mito e na literatura se deveram sobretudo a causas políticas. Com seu êxtase e entusiasmo o filho de Semethe era uma séria ameaça à Pólis aristocrática, à Pólis dos Eupátridas, ao status quão vigente cujo suporte religioso eram os aristocratas deuses olímpicos. Com as características, ora de deus da cultura do vinho e da figueira, ora simbolizado pela Hera e pelos Pinheiros, ora representados pelo bode, Dioniso, o deus da transformação e da metamorfose, que havia sido expulso de Olimpo, todos os anos, chegava à Grécia, aos primeiros raios de sol da primavera, acompanhado de um séquito de sátiros e ninfas sendo saudado pelos fiéis com música, danças, algazarras, vinhos, sexo e também violência que por vezes terminava em tragédia”.
Teria sido PISISTRATO, governante de Atenas (605 - 527 a.C.) o responsável pela oficialização do culto a Dioniso na Grécia.
PISISTRATO além de incentivar o culto a Dioniso entre os camponeses e lavradores organizou oficialmente as procissões dionisíadas onde a imagem do deus Dioniso era transportada em embarcações com rodas (carrum navalis) simbolizando que o deus havia chegado a Atenas pelo mar, puxadas por sátiros (semi deuses que segundo os pagãos tinham pés e pernas de bode e habitavam as florestas) com homens e mulheres nús, em seu interior. Seguindo o cortejo, uma multidão de mascarados, meio a um touro, que depois seria sacrificado, percorria as ruas de Atenas em frenéticas passeatas de júbilo e alegria. A procissão terminava no templo sagrado, o Lenaion, onde se consumava a hierogamia (o casamento do deus com a Polis inteira em procura da fecundação).
A festa em louvor a Dioniso se desdobrava em quatro celebrações, em Atenas: as Dionísias Rurais, as Leneias, as Dionísias Urbanas ou Grandes Dionisias e as Antestérias, se estendendo de dezembro à março.
Estas festas que tiveram grande desenvolvimento no século VI a.C. acabaram por gerar o que se pode chamar “bagunça Dionisíaca”, por isso foram fortemente reprimidas no século V a.C., no auge do desenvolvimento artístico cultural da Grécia (governo de Péricles - 443 - 429 a.C.) quando a cidade foi embelezada por monumentos como Partenon espalhando seu brilho por todo Mediterrâneo. Nesse tempo mudou, inclusive, a excelência grega e a concepção do teatro. O século V a.C. foi o grande período da Grécia Clássica. Entretanto a influência política e cultural somente atingiu seu esplendor no século IV quando Alexandre, o Grande, expandiu as conquistas gregas formando colônia em lugares afastados como o leste do Afeganistão e as fronteiras da Índia. É a chamada época Helenista. Nessa ocasião foi introduzida na Grécia o culto a Isis (vide deusa Isis no Egito).
Em 370 a.C., quando Atenas perde a hegemonia da arte já se pode sentir a penetração do culto a Dioniso em Roma. 
As BACCHANTES, sacerdotisas que celebravam os mistérios do culto a Dioniso, nesse tempo mais conhecido como BACO (é com o nome de  BACO que Dioniso entrou em Roma, daí alguns estudiosos afirmarem a origem italiana da palavra), ao invadirem as ruas de Roma, dançando, soltando gritos estridentes e atraindo adeptos em número crescente, causaram tais desordens e escândalos que o Senado Romano proibiu as BACANAIS, em 186 a.C..
As Saturnálias Romanas
Saturno, deus da agricultura dos antigos romanos, identificado como CRONOS pelos gregos, pregava a igualdade entre os homens e foi quem ensinou a arte da agricultura aos italianos. Também expulso do Olimpo, Saturno chegava com os primeiros sopros do calor da primavera e era saudado com festas e um período de liberação das convenções sociais. Durante as Saturnálias os escravos tomavam os lugares dos senhores. Não funcionavam os tribunais e as escolas. Os escravos saiam às ruas para comemorar a liberdade e a igualdade entre os homens, cantando e se divertindo em grande desordem. As casas eram lavadas, após os excessos libertários que aconteciam de 17 a 19 de dezembro (no hemisfério norte correspondia à entrada da primavera. Com a reforma do calendário e a inclusão de mais dois meses, julho e agosto, em homenagem aos imperadores romanos Júlio Cesar e Augusto formam empurrados para diante) seguiam-se a sua Purificação com as LUPERCAIS, festas celebradas em 15 de fevereiro, em homenagem ao deus Pã que matou a loba que aleitara os irmão Rômulo e Remo, fundadores de Roma. Os Lupercos, sacerdotes de Pã, saiam nús dos templos, banhados em sangue de cabra e depois lavados com leite e cobertos por uma capa de bode perseguiam as pessoas pelas ruas, batendo-lhes com uma correia. As virgens quando atingidas acreditavam se tornarem férteis e as grávidas, se tocadas, conseguiam livrar-se das dores do parto.
Suetônio conta que no tempo das Saturnais todos os participantes e os escravos podiam dizer verdades a seus senhores indo até ao extremo de ridicularizá-los do jeito que bem entendessem.
O filósofo alemão (FRIEDRICH) NIETZSCHE - 1844-1900 - em sua obra, O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA, a respeito de DIONISO e APOLO, deuses opostos, entre o cáos e a ordem, faz um belo estudo sobre estes “mitos” e suas influências na vida humana, que regulam o equilíbrio entre as forças antagônicas e permitem um viver mais adequado. Para NIETZSCHE a arte é a única justificativa possível para o sofrimento humano, por isso combate a moral cristã que lhe parece fruto do ressentimento de frustados. Anticristão e ateu o escritor exalta a vontade de poder do grande indivíduo (super homem).
Justificando o posicionamento de NIETZSCHE, José Guilherme Merquior, em “Saudades do Carnaval” diz: “é fácil calcular a intensidade dos inconvenientes dessa atitude anti-natural quando a civilização racionalizada da Idade Moderna suprimiu justamente os pulmões carnavalescos da cultura. O Cristianismo da sociedade industrial, a religiosidade do tempo de NIETZSCHE não só havia negado e sufocado toda válvula orgiástica - toda composição sistemática com erros e carisma - como virara franca ideologia da sublimação ressurgida das massas aburguesadas , era nesse contexto, que a moral da renúncia significa repressividade absoluta, e repressividade doentia, “indecorosa” para usar a expressão do anti-cristo. O ascetismo vitoriano, a serviço da massificação repressiva, da “redução à mediocridade”, de todas as dimensões morais do homem  eis o que levou NIETZSCHE a um desmascaramento indignado do cristianismo”.
A visão de NIETZSCHE sobre o carnaval, em confronto com a do historiador e filósofo russo MIKHAIL BAKHTIN se aproximam, quando consideram a festa um rito coletivo onde foliões fantasiados e mascarados se transformam num “outro”, numa espécie de efeito catártico regulador do equilíbrio social.
O Carnaval é uma trégua, um alívio da hipocrisia social e do medo do corpo.
Dr.Hiram Aráujo 


Livro "Carnaval"
CAPÍTULO III
O  Carnaval  Cristão
 ( Do século VI d.C. ao século XVIII d.C. )
 
 
O Carnaval Cristão inicia o seu desenvolvimento quando a Igreja Católica oficializa o carnaval, em 590 d.C., e  adquire suas características básicas, na Renascença. Termina  no século XVIII, quando um novo modelo de carnaval  (pós-moderno) começa  a se delinear.
O TERCEIRO CENTRO DE EXCELÊNCIA DO CARNAVAL
 
O terceiro Centro de Excelência do Carnaval fixou-se nas cidades de Nice, Roma e Veneza e passou a irradiar para o mundo inteiro o modelo de carnaval que ainda hoje identifica a festa, com mascarados, fantasiados e desfiles de carros alegóricos e que muitos autores consideram o verdadeiro carnaval. 
 
 
Características
Quando o cristianismo chegou já encontrou as festas, ditas orgiásticas, no uso dos povos. Por seus caracteres libertinos e pecaminosos foram a princípio condenados pela Igreja Católica. Teólogos, doutores e Papas da Igreja, como São Clemente de Alexandria (escritor e doutor da Igreja - 150 - 213 d.C.) TERTULIANO (teólogo romano - Cartago - 155 - 266 d.C., grande pensador polemista dos primeiros séculos da Igreja, combateu tenazmente o relaxamento dos costumes); SÃO CIPRIANO (Bispo e mártir. Padre da Igreja Latina, Cartago, iniciado no século III. Foi decapitado por ocasião das perseguições de Valério); Inocêncio II (Papa-Roma: 1130-1140), entre outros, foram contra o Carnaval.
A Igreja Católica e o Estado Feudal impuseram às cerimônias oficiais um tom sério e sisudo, como uma forma de combater o riso, ritual dos festejos, que em geral descambavam para as permissividades. Entretanto, o povo parecia não observar este tipo de conduta. Indiferente ao oficialismo imposto respondia com atos e ritos cômicos.
Para se entender o fenômeno vamos transcrever um trecho do livro de MIKHAIL BAKHTIN - a Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento - O contexto de François Rabelais: “Os festejos de carnaval com todos os atos e ritos cômicos que a ele se ligaram, ocupavam um lugar muito importante na vida do homem medieval. Além dos carnavais propriamente ditos que eram acompanhados de atos e procissões complicadas que incluíam as praças e as ruas durante dias inteiros, celebrava-se  também a “Festa dos Tolos” (festa Stultorum) e a “Festa do Asno”; existia também um “Riso Pascal” (Risus Paschalis) muito especial e livre, consagrado pela tradição. Além disso, quase todas as festas religiosas possuíam um aspecto cômico popular e público, consagrado também pela tradição. Era o caso por exemplo das “Festas do Templo” habitualmente acompanhadas de feiras com seu rico cortejo e festejos públicos (durante os quais se exibiam gigantes, anões, monstros e animais sábios). A representação dos mistérios e soties dava-se num ambiente de carnaval, o mesmo ocorria com as festas agrícolas, como a vindita que se celebravam igualmente nas cidades. O riso acompanhava também as cerimônias e os ritos da vida cotidiana: assim, os “bufões” e os “bobos” assistiam sempre às funções do cerimonial sério, parodiando o seus atos (proclamação dos nomes dos vencedores dos torneios, cerimônia de entrega do direito de vassalagem, iniciação dos novos cavaleiros, etc. Nenhuma festa se realizava sem a intervenção dos elementos de uma organização cômica, como por exemplo, a eleição de rainhas e reis “para rir” para o período da festividade. Todos esses ritos e espetáculos apresentavam uma diferença notável, uma diferença de princípio, poderíamos dizer, em relação às formas do culto e às cerimônias oficiais sérias da Igreja ou do Estado Feudal. Ofereciam uma visão do mundo, do homem e das relações humanas totalmente diferentes, deliberadamente não oficial, exterior à Igreja e ao Estado; pareciam ter construído, ao lado do mundo oficial, um segundo mundo e uma segunda vida aos quais homens da Idade Média pertenciam em maior ou menor proporção, e nos quais eles viviam em ocasiões determinadas. Isso criava uma espécie de dualidade do mundo e cremos que, sem levá-las em consideração, não se poderia compreender nem a consciência cultural da Idade Média, nem a civilização renascentista. Ignorar ou subestimar o riso popular na Idade Média deforma também o quadro evolutivo histórico da cultura européia nos séculos seguintes.
A dualidade na percepção do mundo e da vida humana já existia no estágio anterior da civilização primitiva. No folclore dos povos primitivos encontrava-se paralelamente aos cultos sérios (por sua organização e seu tom) a existência de cultos cômicos, que convergiam as divindades em objetos de burla e blasfêmia (Riso Ritual); paralelamente aos mitos sérios, mitos cômicos e injuriosos, paralelamente aos heróis, seus sósias paródicos. Há pouco tempo os especialistas do folclores começaram a se interessar pelos ritos e mitos cômicos.
Entretanto, nas etapas primitivas, dentro de um regime social que não conhecia ainda nem classes, nem Estados, os aspectos sérios e cômicos da divindade, do mundo e do homem eram, segundo todos os indícios, igualmente sagrados e igualmente poderiam dizer “oficiais”. Essa característica persiste, às vezes, em alguns ritos  de épocas posteriores. Assim, por exemplo, no primitivo Estado Romano, durante as cerimônias do triunfo, celebrava-se e encanecia-se o vencedor em igual proporção; ao mesmo modo, durante os funerais chorava-se (ou celebrava-se) e ridicularizava-se o defunto. Mas quando se estabelece o regime de classe e de Estado, torna-se impossível se outorgar direitos iguais a ambos os aspectos, de modo que as formas cômicas - algumas mais cedo, outras mais tarde - adquirem um caracter não oficial sem sentido modifica-se, elas complicam-se e aprofundam-se, para transformarem-se, finalmente, nas formas fundamentais da expressão da sensação popular do mundo, a cultura popular. É o caso dos festejos carnavalescos do mundo antigo, sobretudo as Saturnais Romanas, assim como os carnavais da Idade Média que estão evidentemente muito distante do riso ritual que a comunidade primitiva conhecia. O Carnaval é a segunda vida do povo, baseada no princípio do riso. É a vida festiva. A festa é a propriedade fundamental de todas as formas de ritos e espetáculos cômicos da Idade Média”.
Peter Burke, em Cultura Popular na Idade Moderna escreve: “Claude Levi - Strauss nos ensinou a procurar  pares de opostos ao interpretarmos os mitos, rituais e outras formas culturais. No caso do carnaval havia duas oposições básicas que fornecem o contexto para interpretar muitos aspectos nos comportamentos, oposições essas de que os conterrâneos tinham clara consciência A primeira delas é entre o Carnaval e a quaresma entre o que os franceses chamavam de “jours gras” e “jours maigres”, geralmente personificados com um gordo e uma magra. Segundo a Igreja era uma época de jejum e abstinência não só de carne mas de  ovos, sexo, ir ao teatro e outros entretenimentos. Portanto era natural apresentar a quaresma como uma figura emaciada (a própria palavra Quaresma - Lent - significa “tempo de privação” - leam time), desmancha prazeres associada aos baixas da dieta de Quaresma. O que faltava na Quaresma era naturalmente o que abundava no carnaval, de modo que a figura do “Carnaval” era representada como um comilão e beberrão jovem, alegre, gordo sensual amo um Gargântua ou Falstaff   Shakespeareano.” 
A outra oposição, segundo Burke é que o carnaval “era uma representação do mundo virada de cabeça para baixo”. E conclui: “O que é claro é que o carnaval era poliscênico, significando coisas diferentes para diferentes pessoas. Os sentidos cristãos foram sobrepostos ao pagãos, sem obliterá-los e a resultante precisa ser lida como um palimpsexto. Os rituais transmitem simultaneamente mensagens sobre comida e sexo, religião e política. A bexiga de um bobo, por exemplo tem significados diversos, por ser uma bexiga associada aos órgãos sexuais, por vir de um porco, o animal do carnaval por excelência e por ter sido trazida por um bobo, cuja  “fertilidade” é simbolizado por ser vazia.”
Em Nuremberg havia um único carro alegórico, Hölle, trazido num trenó pelas ruas até a praça principal. Muitas vezes ele adotava a forma de um navio, que lembrava as procissões com carros-navios ocasionalmente mencionadas em épocas antigas e medievais. Os carros alegóricos eram particularmente freqüentes e famosos em Florença.
O segundo elemento recorrente no ritual carnavalesco era alguns tipos de competição; as disputas no ringue, as corridas de cavalo e as corridas a pé eram muito populares.  O terceiro elemento recorrente ao carnaval era a apresentação de algum tipo de peça, geralmente uma farsa. No entanto é difícil traçar uma linha entre uma peça formal e “brincadeiras”  informais.
O carnaval era uma época de comédias, que muitas vezes apresentavam  situações invertidas, em que o juiz era posto no tronco ou a mulher triunfava sobre o marido. As fantasias de carnaval permitiram que os homens e as mulheres trocassem os seus papéis. O carnaval, em suma era uma época de desordem institucionalizada, em conjunto de rituais de inversão. Não admira que os contemporâneos o chamassem de época de loucura em que reinava a folia”
Em 325 d.C. a Igreja cria a primeira Assembléia de Bispos, assessorada por teólogos para decidir sobre questões de doutrina e disciplina eclesiástica, o Concílio de Niceia (Cidade de Bitima, no Lago Ascânio, Ásia Menor), onde se colocam em discussão, entre outras questões, as festas populares.
Em 590 d.C., o Papa Gregório I, o Grande, marca, em definitivo, a data do Carnaval no Calendário Eclesiástico. 
À medida que o tempo vai passando o Carnaval vai tomando maior vulto, sobretudo, na área mediterrânea da Europa - na Itália (Roma e Veneza), França (Paris e Nice) e Alemanha (Nuremberg e Colônia).
A Igreja tolerou melhor a festa e até passou a estimulá-la, com o Papa Paulo II (1461 - 1471) que, de sua morada, ao observar a Vila Lacta, que permanecia deserta e silenciosa o ano inteiro resolveu organizar as festa do Carnaval, com a promoção de corridas de cavalos, anões e corcundas, lançamento de ovos, etc., sob a luz de luminárias de tocos de velas (MOCOLETTI).
Em 1545, no Concílio de Trento, entre outros assuntos importantes entra em pauta de discussão o carnaval que é reconhecido como uma manifestação popular de rua importante, não devendo ser hostilizado pelo Clero. Hélio Damante em “Secularização do Carnaval”, cultura nº 172, 1980, página  6 e 7, a respeito do assunto diz: “ainda após Trento a igreja considerava o carnaval pecaminoso somente em círculos restritos, como a  Corte francesa de antes da revolução, onde os bailes de máscaras se transformavam em bacanais, exatamente como na antiga Roma decadente. Não entre o comum do povo entregue a ingênuos folguedos, bailados, banhos de cheiros, revelando o vigoroso e sadio espirito de festa, aculminar nos cortejos (desfiles) expressando não só o pitoresco, mas freqüentemente a crítica aos costumes e  aos poderosos”.
Em 1582, o Papa Gregório XIII (1572 - 1585) ao promover a reforma do Calendário Juliano, transformando-o no Calendário Juliano - Gregoriano, em uso até hoje, pelos povos Católicos, estabeleceu, em definitivo, as datas do Carnaval.
 
As Festas
Na Igreja, mesmo em pleno período de repressão ao Carnaval, os noviços jamais deixaram de organizar a FESTA DOS BOBOS, no dia 28 de dezembro, contrapondo-se à cultura medieval oficial eclesiástica e feudal. Durante o evento elegia-se um Bispo ou Abade dos Bobos. Organizavam-se danças na Igreja e na rua, procissão e missa simulada. Nesse momento, os Cléricos usavam máscaras e roupas de mulheres, ou vestiam os hábitos de trás para frente, seguravam o missal (livro que contém as orações da missa) invertido, jogavam cartas, cantavam cânticos imorais e xingavam a congregação. Também, a FESTA DOS INOCENTES se desenvolvia durante 12 dias após o Natal. Nestes 12 dias acontecia uma espécie de carnaval, com muita bebida e comida e encenações de peças e inversões de diversos tipos. Ou na “Coena Cyprian” (ceia dos ciprianos) as escrituras eram totalmente travestidas, na paródia sacra, as liturgias católicas eram parodiadas. No “Risus Paschalis” (riso da Páscoa) ou na “Festa do Asno” (comemoração cômica da fuga de Maria para o Egito) enfim, em todos esses rituais organizados na própria Igreja a Instituição era ridicularizada e questionada, em eventos de cunhos carnavalescos.
No meio leigo, as festas de carnaval durante a Idade Média e Renascença acontecia em vários segmentos da sociedade. Na Inglaterra, ocorriam as “Festas do Arado”, com casamentos simulados no dia da Epifania. Nas “Festas do Ano Novo”, homens se vestiam de mulher e mulheres de homem. Todos os festejos tinham sentido paródicos de acordo com a região.
Em diversos países da Europa, os festejos entre o Natal e o Carnaval tinham ritos de cunho carnavalesco. O 1o de Maio, na Inglaterra e na Itália, tinha colorido carnavalesco. No verão europeu, também se repetiam os ritos carnavalescos, nos dias de “Corpus Christi” e de “São João Batista”, com procissões, carros alegóricos, fogueiras, fogos de artifícios e comidas.
Quando chegava a época da colheita, no outono, a comida e bebida que não eram ênfases das festas da primavera e verão, rolavam fartas. Eram chamadas FESTAS DA COLHEITA com muito vinho, cerveja e carne. Nas festas de SÃO BARTOLOMEU (25 de agosto) e SÃO MARTINHO (11 de novembro) também ocorriam rituais de comida e bebida.
Outro costume muito difundido por toda a Europa, sobre tudo de Portugal a Hungria era o famoso CHARIVARI, uma espécie de caçoada pública na qual uma vitima era gozada com baladas ofensivas, ao som das batidas estridentes de panelas e caçarolas. Era um difamação pública, em geral, dirigida a uma moça casada com um velho, ou que havia contraído matrimônio pela segunda vez, ou mesmo, que tivesse se casado fora da aldeia. Ainda podiam ser escolhido, maridos traídos ou que apanhavam das mulheres. Essa serenata difamatória podia ser realizada durante ou fora do período de carnaval. Também se promoviam CHARIVARIS contra figuras impopulares que simbolicamente eram enforcadas ou queimadas ou contra pregadores e senhores rurais. Estas festas populares, ditas carnavalescas, se espalharam pela Europa, no período de 1500 a 1800, mas depois foram perdendo força a ponto de somente perdurarem partiches das formas de outrora.
Peter Burke, em Cultura Popular na Idade Média, a respeito do assunto diz: “Em 1500 (o que sugere o capitulo 2) a Cultura Popular era uma cultura de todos: uma segunda cultura para o instruído e a única para todos. Em 1800, porém, na maior parte da Europa, o Clero, a nobreza, os comerciantes, os profissionais liberais - e suas mulheres - haviam abandonado a Cultura Popular às classes baixas, das quais agora estavam mais do que nunca separados por profundas diferenças de concepção do mundo. Um sintoma dessa retirada é a modificação do sentido “povo” usada com menor freqüência do que antes para designar “a gente simples”.
O Clero, a nobreza e a burguesia tinham suas razões pessoais para abandonar a Cultura Popular. No caso do Clero, a retirada fazia parte das reformas católica e protestante. Em 1500, a maioria dos párocos eram homens com nível social e cultural semelhantes aos de seus paroquianos. Os reformadores não estavam satisfeitos com a situação e exigiram um Clero culto. Em áreas protestantes os Cléricos tendiam a ser indivíduos com grau universitário e nas áreas católicas, depois do Concílio de Trento, os padres começaram a ser formados nos Seminários. Além disso, os reformadores católicos ressaltavam a dignidade do Sacerdócio. São Carlos Bartolomeu dizia ao seu Clero que preservasse a dignidade. O pároco do velho estilo que punha uma máscara, dançava na Igreja durante a festa e fazia piada no púlpito foi substituído por um novo estilo de padre, mais educado, de status superior e consideravelmente mais distante do seu rebanho”. Os nobres também, diz Peter Burke, mudaram o comportamento, aprendendo a exercer o auto controle, a se comportar com uma diferença estudada, a cultivar um senso de estilo e a andar com um modo altivo como se estivesse numa dança formal. A divisão crescente entre a Cultura Erudita e Cultura Popular é ainda mais evidente no caso das bruxas. A crença no poder a malignidade das bruxas ter sido quase universal na primeira metade de nosso período. Assim como um fosso entre as duas culturas ampliou-se gradativamente, da mesma forma, algumas pessoas cultas começaram a encarar as canções, crenças e festas populares como exóticas, curiosas, fascinantes, dignas de coleta e registro. Por isso o carnaval quase desapareceu na Europa no século XIX”.
 
As Datas do Carnaval
 
A Igreja, ao constatar a ineficiência das proibições dos festejos, ditos pagãos, arraigados no inconsciente coletivo dos povos, tratou de adaptar ao calendário Eclesiástico as festas consideradas profanas, mas não totalmente desligadas da religião. Esse foi um dos assuntos exaustivamente debatidos no I Concílio de Nicéia, em 325 d.C.. Foram então, permitidas comemorações libertas de orgias e permissividades, na data do nascimento de Cristo, dia 25 de dezembro, época aproximada das festa greco-romanas. Permitiam-se celebrações que passando pela entrada do Ano Novo terminava na Epifania, dia 06 de Janeiro (Dia de Reis).A intenção da igreja era “cristianizar” as festas pagãs realizadas em dezembro (solistício do inverno, entre elas, a festa mitraica que celebrava o Natalis Invictis Solis da religião Persa, que rivalizava com o cristianismo nos primeiros séculos da Era Cristã, bem como as Saturnálias de Roma e os cultos solares entre os Celtas e os Germânicos).
Alguns estudiosos defendem a tese de que a “Era Cristã”, cuja a origem é o nascimento de Cristo só foi definida a partir da primeira metade do século VI pelo Monge Dionísio, O Pequeno (Vide melhores referências no capítulo das Eras). E que foi Gregório I, o Grande (ex-prefeito da cidade de Roma - 572 - que entrou para o Mosteiro Beneditino de Santo André, em 574 e foi eleito Papa pelo povo de Roma em 590 d.C.), que no século VI d.C. incorporou o carnaval no Calendário Eclesiástico.
A marcação das datas do carnaval obedecem as regras que determinam a Páscoa dos católicos, por isso, são também móveis variando de 05 de fevereiro ao 03 de março (a Páscoa dos católicos não pode ter data fixa, para não coincidir com a Páscoa dos judeus que é fixa, a 15 de Nissam).
Para se marcar os dias do carnaval, segue-se a seguinte regra: Primeiramente, determina-se o equinócio da PRIMAVERA, (ponto ou momento em que o sol corta o equador, tornando os dias iguais as noites. Ocorre em dois dias no ano: 21 e 22 de março “hemisfério norte” ou 22 ou 23 de setembro “hemisfério sul”). Vamos, portanto, considerar os dias 21 - 22 de março, já que as regras foram estabelecidas no hemisfério norte. Observa-se na folhinha a lua nova que antecede ao equinócio da primavera e procede-se à “lunação do cômputo” (espaço compreendido entre duas luas novas consecutivas e que consta de 29 dias, 12 horas, 40 minutos e 02 segundos).
O primeiro domingo após o 14o dia de lua nova é o domingo de Páscoa. Ou, numa regra mais prática, o primeiro domingo após a lua cheia, posterior ao equinócio da primavera é o domingo de Páscoa. Se o 14o dia da lua nova ou da lua cheia posterior ao equinócio da primavera cair no dia 21 de março e for sábado, o domingo de Páscoa será no dia 22 de março. Entretanto, se a primeira lua cheia, isto é, o 14o dia após o equinócio da primavera for 29 dias, depois do 21 de março, o domingo de Páscoa só poderá ser 25 de abril, isto é, o mais tarde possível. Como o primeiro dia da lua nova, antes de 21 de março se situa necessariamente, entre 08 de março e 05 de abril, a Páscoa só pode cair entre 22 de março e 25 de abril.
O domingo de carnaval cairá sempre no 7o domingo que antecede ao domingo de Páscoa.
 
O Calendário
 
O CALENDÁRIO, segundo o dicionário, é o sistema elaborado pelos homens para determinar, de modo racional, os dias, as semanas, os meses e os anos, de acordo com os principais fenômenos astronômicos, em especial, os relacionados com a posição do sol, e eventualmente, a lua.
Nosso calendário, puramente solar, visa realizar uma média do ano civil, tão próxima quanto possível do ano trópico (365, 2422 dias solares médios) e nelas estão marcadas as estações que assim retornam em datas fixas. A concordância é obtida por uma combinação de anos ordinários (365 dias) e anos bissextos. Os calendários lunares são fundamentados no ciclo da lua.
O ano (doze lunações) apresenta em relação ao ano trópico, um desvio, que acarreta distorções nas datas de início e término das estações. Esse inconveniente é, em parte corrigido nos calendários lumissolares, pela adjunção de um 13o mês a certos anos.
O mais antigo calendário que se conhece é o dos Egípcios, criado há cerca de 4.000 anos a.C.. O ano era dividido em três estações de quatro meses cada uma: Enchente, Semeadura e Colheita. Segundo a observação das cheias que tornavam fértil o rio Nilo. O ano se contava com o aparecimento da estrela SIRIÚS (365, 25 dias), que sempre coincidia com a fase da enchente. O calendário era falho e se perdia um dia em cada ano, por isso as estações do ano não coincidiam de data.
Problemas idênticos tiveram os Babilônios quando mais tarde criaram seu calendário lunar.
O calendário judeu, lunissolar, teve início em 07 de outubro de 3761 a.C.. Os meses são lunares e ano pode compreender doze ou treze meses. No primeiro caso, ele se chama COMUM e no segundo EMBOLÍSTICO. Os anos comuns podem ter 353, 354 ou 355 dias e os anos Embolísticos 383, 384 ou 385 dias. A Páscoa é fixa e se celebra a 15 do mês nissam.
Os gregos, também usavam o calendário lunissolar em três períodos de dez dias (5 - 15 - 25). Por haver erros acrescentavam noventa dias a cada período de oito anos. Também causavam distorções o dia e a noite, devido a duração variável da estação do ano.
Em Roma, o problema era mais grave. Os Romanos dividiam o mês em três partes: CALENDAS, os IDOS e as NONAS.
As CALENDAS, caiam no primeiro dia da lua nova;
Os IDOS, na lua cheia (13 ou 15 nos meses de março, maio, julho e outubro);
As NONAS, do nono dia antes dos Idos.
Em 45 a.C., o Imperador Júlio Cesar que havia assumido o Poder, em 48 a.C., encarregou o astrônomo Sosígene a reformar o Calendário (palavra que deriva de calenda). Os períodos da lua foram esquecidos e o ano se dividiu em 12 meses, de 30 e 31 dias, com exceção de fevereiro que teria 29 dias, passando a 30 dias, de quatro em quatro anos. Foram acrescentados os meses de julho e agosto, em homenagem a Júlio Cesar e Augustos. O calendário tomou o nome de JULIANO. 
O novo calendário continuou dando erros para frente. Em 8 a.C., o Imperador Augustos ordenou que se omitisse o bissexto por 16 anos, até que as datas se regularizassem. Além disso, tirou um dia de fevereiro e acrescentou-o a agosto, para que o mês de seu nome (o nome Augusto foi adotado por Otávio depois que assumiu o poder, após o assassinato de seu tio avô Júlio Cesar, em 44 a.C.) fosse equiparado ao de Júlio Cesar. Pouco adiantou a reforma: Em 1580, o excedente já era de 10 dias no novo calendário.
Em vista da ocorrência o Papa Gregório XIII, fez outra reforma fazendo com que o dia imediata a 04 de outubro fosse considerado 15, em vez de 05. Também estabeleceu que três vezes em quatrocentos anos fosse omitido o ano bissexto. Os anos seculares divisíveis por 400 seriam bissextos (1600, 2000, etc. ...) e os demais (1700, 1800, 1900) comuns.
Atualmente, a diferença entre o calendário e o ano solar é de apenas 25:95’’ segundos, o que acrescenta um dia em 3.300 anos.
Os povos católicos aceitaram de imediato o calendário Juliano-Gregoriano, entretanto, entre os povos protestantes, a Alemanha e a Inglaterra somente o oficializaram em 1700 e 1752, respectivamente.

Dr.Hiram Aráujo Livro "Carnaval"


CAPÍTULO IV

CARNAVAL CONTEMPORÂNEO

 
( Do século XVIII ao século XX )
 
O Carnaval Contemporâneo começa a definir seu modelo com o surgimento da Industrialização no século XVIII, ganhando identidade própria, após o término da segunda Guerra Mundial, quando   ocorreram na Terra, importantes, mudanças de ordem filosófica, moral e estética.
 
O QUARTO CENTRO DE EXCELÊNCIA DO CARNAVAL . 
O quarto Centro de Excelência do Carnaval  se concentra no novo mundo, em especial, nos países onde as culturas negras mais atuaram: Brasil: Argentina, Colômbia e Trinidad Tobaco.
O epicentro do modelo se localiza no Brasil, especialmente, na cidade do Rio de Janeiro onde se realiza, o que se pode considerar o maior espetáculo audio visual do mundo, o desfile das Escolas de samba do Grupo Especial. Não é sem motivo que o Estádio, ícone do Carnaval Contemporâneo passou a ser conhecido internacionalmente como Sambódromo.
 
 
Características
 
Nos tempos contemporâneos, carnaval deixa de ser uma grande festa em que as principais ruas e praças se convertiam em palcos e a Cidade se tornava um teatro imenso, sem paredes, nas quais os habitantes eram ao mesmo tempo atores e espectadores (modelo clássico) para se enquadrar na velocidade do mundo pós-moderno.
Paul Virilio, arquiteto, urbanista, filósofo, escreveu em 1993 - Velocidade e Política -; Ensaios sobre dramologia e arte do motor ( Estação Liberdade ), nos dá uma visão das mais originais, do mundo pós-moderno. Hoje, movimento e velocidade, espaço e tempo, aceleração e desaceleração regulam as práticas políticas, sociais, artísticas e culturais.
O carnaval não podia deixar de sofrer a influência da “dromologia” ( do grego dromos, corrida e logos, ciência) por isso se transformou em paradas ( desfiles, espetáculos).
O carnaval Contemporâneo encontra  sua máxima expressão no ato do desfile, (espetáculo) atingindo o que Maffesoli diz: “Epifanizar as coisas, paramentá-las oferecê-las como espetáculo é, de alguma forma, celebrar o corpo social, por meio destes pedaços de matérias, que assim se tornam elementos da cultura, que no melhor sentido do termo, permite, funda e conforta, o estar junto social”.
Ao penetrar no mundo pós-moderno o carnaval se enquadra nas teorias do mesmo citado Michel Maffesoli: “a função essencial que pode ser atribuída à imagem, em nossos dias, é a que conduz ao sagrado. É de fato impressionante ver que, fora de qualquer doutrina, e sem organização, existe uma fé sem dogma ou antes, uma série de fés sem dogma” expressando de melhor forma o reencantamento do mundo que afeta, de diversas maneiras, todos os  observadores sociais. Falei, por meu turno, de religiosidade que contamina, de um em um, toda a vida social. De fato o que está em causa não é mais o domínio religioso, STRICTO SENSO, mais muitas outras religiões  “por analogia”  que poderão ser o esporte, os concertos musicais, as reuniões patrióticas ou mesmo as ocasiões de consumo. Ora, em cada um destes casos, e poder-se-ia multiplicar indefinidamente a lista, a religião é feita em torno de imagens que se partilham com outros. Pode-se tratar de uma imagem real, de uma imagem material ou mesmo de uma idéia em torno da qual se comunga, isso pouco importa. Em compensação, interesso-me aqui pelo fato de que essa cosa mentali possui uma eficácia que não se pode negar.
Ao comentar Durkheim, Serge Moscovici fala até mesmo de uma ressurreição da imago que vai agir em profundidade sobre o corpo social. Este poderia ser o emblema ou símbolo convencional, um signo em princípio banal, um objeto trivial, uma palavra anódina que, subitamente ou por ocasião de um rito particular, transformam-se em totens “imagens de coisas sagradas” (Durkheim).  Porém em um movimento de reversibilidade, subitamente essas imagens readquirem vida, e regeneram o corpo social: sociedade ou pequeno conjunto tribal que lhes servem de suporte. A bandeira “farrapo multicor” vai suscitar, naquele momento, um imenso sentimento coletivo. Aquela palavra, bastante comum, vai cumprir uma função signo, tornando-se meio de reconhecimento ou servindo de grito de união. Em cada um destes casos reforça o vínculo social, que assim readquire o seu vigor original”
O carnaval se enquadra nessa visão geral do mundo pós-moderno que segundo  Maffesoli renasce hoje em dia com a “barroquização do mundo”.
Ao analisar o descaso da intelligentzia  pelo estudo do carnaval na cultura contemporânea, o professor Dr. Lamartine P. da Costa conclui: “ isso por que os tempos pós-modernos - hoje tipificando tanto sociedades afluentes como pobres - privilegiam o  lúdico, a ironia e os sentimentos como rejeição à ordem nacional, ora em fase do esgotamento de suas possibilidades emancipadoras”. Este pressuposto é examinado, por exemplo por Douglas Kellner escrevendo para o público acadêmico dos (EEUU) (país de tradição carnavalesca apenas na cidade de New Orleans) sobre a evolução das idéias de Jean Baudrillard. Não confirmando o mérito do pessimismo radical do pensador francês quanto as conseqüências do fim da modernidade, Kellner insiste na expressão “The post-modern carnival” ao sintetizar as características de perdas das referências centrais do pensamento ocidental e da decadência da representação, quer nas artes como nas ciências sociais (Kellner D. Jean Baudrillard - Fron Marxism to post modernison and Beyond”  Stanfort University Press Stanfond, 1989 - pp 91- 121).
De fato, o carnaval pós-moderno não é apenas uma figura de estilo no texto em exame, já que se pervertendo o sentido clássico de representação, cresce a reversão de papéis sociais e a autoreferenciação dos indivíduos. Além disso, aumenta a suspeita sobre os métodos de geração do conhecimento científico que traduziriam sobretudo o interesse narcisístico dos pesquisadores sociais. Ou seja: nada mais típico de carnavalização do que a inversão dos atores sociais e o tratamento irônico do uso do poder pela autoridade.
Diz, então Kellner, conclusivamente ao ligar as ideais de Baudrillard do carnaval:
“Como Nietzsche, ele quer extrais valores de ordem das aparências, sem apelos ao mundo sobrenatural ou à realidade profunda. Como Nietzsche ele apela para os valores aristocráticos, privilegiando o desprendimento, a competição, a sedução, o ritual e outros. Contudo, diferenças significantes de Nietzsche emergem. Baudrillard., assim sendo, diverge do vitalismo e da celebração da vida e do corpo gerando alma atmosfera de melancolia (Kellner, D. -”Jean Baudrillard - From Marxisen to Pos Moderniom and Beyond” Slanfort University Presse, Stan form, 1989 pp’ 120’).
Nestas palavras reside mais uma versão da chamada “controvérsia do pós-moderno” envolvendo a ambivalência da cultura de nossos dias - mediática na sua essência que se mostra tanto repressora como emancipadora. Por isso, certos cientistas sociais e filósofos contemporâneos, como Habermas, defendem a manutenção dos valores universais garantidores da liberdade, ao passo que outros, destacando-se Lyotard, inclinam-se para o relativismo, este sim a expressão real da liberdade em meio ao domínio da mídia e dos computadores.
Enquanto a disputa se prolonga, o que permanece constante é a mudança cultural que independente de ser pós-moderna ou pertencer a uma pretensa modernidade tardia, exibe uma inequívoca ludicidade, uma preocupante descontinuidades fragmentária dos fatos sociais e uma temerosa tribalização dos  grupos humanos, diante de um mínimo de ordem social necessária. Juízos de valor a parte, o que está em jogo mais uma vez na história é a sombra de Dionisos sobre Apolo, isto é, sentimentos e paixões estão sendo revigorados diante da ordem societária agora com uma cumplicidade inesperada e inédita: a da tecnologia.
De resto como diz Maffesoli sociólogo francês que se insere na corrente otimista da pós-modernidade, as sociedades ao tomarem conhecimentos de si derivam para uma “desordem de paixões” e o sentido orgiástico penetra em todas as instâncias da vida social. Nestes termos a estética dá o estilo das relações sociais, inclusive regulando atitudes éticas. Em última instância trata-se da carnavalização da vida cotidiana em que o carnaval, propriamente dito, generaliza-se por secularização.
O que persiste como resquício portanto, é a celebração cristã do carnaval, que na verdade consiste numa herança pagã em que se festejavam deuses (Dionisos entre os Gregos e Saturno e Bacco na antiga Roma). Em outras palavras estamos hoje progredindo para uma cultura carnavalesca em que o ritual dissolve-se hábito. Evidencia-se isso especialmente no Brasil dos últimos anos, onde o carnaval tem se modificado em diversos meses do ano, abandonando seu período fixo na quaresma”.
A ligação da teoria de Maffesoli com o carnaval é testemunhada pelo professor Dr. Luis Felipe Baeta Neves: “Michel Maffesoli, em seu último livro “A Transfiguração do Político” diz:  “entendo estética, no sentido mais próximo de sua etiomologia, de sua origem, o fato de experimentar emoções, sentimentos, paixões comuns e isto nos domínios diversos da vida social”. “É importante ressaltar isso, porque esta definição não tem nada a ver com a definição corrente de estética: o fato de as pessoas poderem experimentar, em algumas circunstâncias uma paixão que as una, seja no carnaval seja em outras situações, isso não acarreta necessariamente uma permanência estética. Como estética Maffesoliana pode variar e deve variar, e como ela fala da comunhão social das pessoas, e esta comunhão pode ocupar outros continentes, seriam importante articular isto com o fenômeno do carnaval e da estética da Escola de Samba.
Para a perspectiva Maffesoliana, a estética não funde uma moral no sentido da moralidade, de fixo, mas no sentido de formação codificada de sentimentos comuns de um grupo em uma determinada circunstância. Em geral, a sociologia se ocupa pouco disto. Maffesoli expressamente se preocupa em mostrar a sociedade nos momentos em que ela se une, momentos aparentemente efêmeros, como os dos jogos da liturgia, da festa, de orgia”.
 
O Carnaval  no  Mundo
Veneza e Roma
Muitos historiadores afirmam que o verdadeiro carnaval nasceu na Itália com bacanais, lupercais e saturais de Roma. A própria origem da palavra é italiana. Conta-se que, ao tempo em que a Igreja ainda não havia adotado integralmente o carnaval, no século XV, o papa Paulo II, entediado com a única beleza parada que lhe chamava a atenção - a visão permanente da Via-láctea que aparecia em frente à sua residência oficial, estimulou o carnaval.
O carnaval veneziano foi um dos mais alegres e fortes do mundo. Bailes e festas se desenvolviam durante uma semana nas praças, ruas, e, sobretudo, nos diversos canais, repletos de Gôndolas enfeitadas e com sofisticadas decorações criadas especialmente para a festa. Teatros e casas as mais diversas, abertas durante 24 horas, atraiam os mais variados tipos de espectadores. A história registra que o primeiro carnaval veneziano ocorreu em 1420 para comemorar a vitória de Veneza sobre Aquiléia : a realização de um desfile satirizando os derrotados. 
No início do século XVIII, incorporou-se à festa carnavalesca a tradição do corso de Gôndolas.  As mais tradicionais famílias participavam do alegre cortejo que seguia o grande canal, ao som de trombetas, até o jardim zoológico da cidade, onde se realizava um grande carnaval.
Quando Veneza foi anexada à Áustria, o carnaval enfraqueceu. Mas quando se deu a libertação do domínio austríaco em 1866, foi realizado  maior carnaval de todos os tempos, voltando esses festejos a ter o mesmo brilho e entusiasmo de sempre. Posteriormente o carnaval de Veneza voltou a se enfraquecer a ponto de quase desaparecer.
O mesmo aconteceu com a cidade de Roma que também outrora possuía um dos mais fortes carnavais da Europa.
Atualmente, as cidades Italianas que possuem maiores carnavais são Viareggio, Cento, Putignano e Verres com desfiles de carros alegóricos e alegres brincadeiras (1997).
 
Nice 
O carnaval de Nice é um dos mais conhecidos e animados carnavais europeus, e tem seus pontos de maior atenção nos desfiles de corsos, nas batalhas de confete e nos espetáculos de marionetes e de teatro de rua. O corso, que apareceu pela primeira vez, em 1882, é formado por um grande cortejo, onde se destacam o Rei Momo e seu grupo de cortesões acompanhando de um séquito de 5 mil crianças, 20 carros alegóricos e 800 máscaras gigantescas representando personagens conhecidos da cidade. No último dia de carnaval acontece o cortejo de incinerações. As máscaras e bonecos são queimados na praia, e há um espetáculo de fogos de artifício, marcando o fim das festividades. Na avenida Atlântica de Nice, na Promenade de Anglais, são organizadas as famosas batalhas das flores,  compostas pelo cortejo de inúmeros carros alegóricos, cheios de bonitas garotas, entre elas a rainha do carnaval, que passam jogando milhares de buquês de flores para o público. Cerca de 10 toneladas de flores são distribuídas pela prefeitura. O carnaval de Nice tem um calendário dilatado, de 15 de fevereiro a 4 de março.
Em fevereiro, data previamente marcada, ocorre o carnaval dos carnavais, uma reunião de representantes de Blocos e conjuntos folclóricos de todo lugar do mundo onde existe carnaval. Esse evento é transmitido pela Eurovisão.
O carnaval de Nice também atualmente (1997) se encontra enfraquecido.
 
Binche 
Várias cidades da Bélgica, como Eben-Emael, Stavelot, Malmedy e Fosse-la-Ville, comemoram alegremente o carnaval com bailes e desfiles  mas nenhuma se compara a Binche, uma cidade de 10 mil habitantes bem perto de Bruxelas (a 50 Km).
Binche fundada há 8 séculos tem uma grande importância histórica devido `a sua posição estratégica. Inclusive sua tradicional fortaleza se transformou num atrativo turístico e seu carnaval numa festa prolongada por 7 semanas, com um pré-carnaval e o carnaval propriamente dito. Em Binche não existem hotéis, mas como as distâncias são curtas os visitantes e turistas se hospedam em cidades vizinhas como Moris, que fica somente a 16 quilômetros.
O pré-carnaval em 1990 se iniciou no dia 14 de janeiro, domingo, e teve prosseguimento dia 21 de janeiro, também domingo, quase apenas as baterias das 13 sociedades lá existentes deram uma demonstração, apresentando-se sem fantasias em suas sedes.
O carnaval propriamente dito começou no domingo, dia 25 de fevereiro, quando as 13 sociedades saíram às ruas, às 10 horas da manhã, para exibirem as fantasias, conservadas até então sob sigilo.
Em Binche está localizado o Museu Internacional do Carnaval e da Máscara, à rua de L’Eglise, 71 - Telefone : 064/335741. O carnavalesco João Trinta fez um trabalho (Exposição) no referido museu.
 
Basiléia
 Em Basiléia, cidade suíça que fica na fronteira da França com a Alemanha, cortada pelo Rio Reno e que possui 200 mil habitantes, faz o maior carnaval do país, o Fasnacht que acontece nas segunda e terça feira seguintes à quarta-feira de cinzas. A festa começa na madrugada de segunda-feira com bandas, instrumentos de percussão e flautas. Todos se fantasiam, mascarados e com pequenas luzes nas cabeças, tocando músicas inusitadas.
 Os grupos formam as bandas e desfilam a tarde, com temas escolhidos anteriormente, e satirizando um fato conhecido de todos. Os cortejos são compostos por pessoas fantasiadas, alegorias e máscaras gigantescas. Durante os desfiles são distribuídos folhetos com textos em prosa e verso, que explicam os objetivos do grupo. Nas noites festivas ha também encenações feitas por pequenos grupos os schnitzelpangg que andam de bar em bar cantando e representando. Espécies de blocos de sujos, sem outro objetivo a não ser fazer barulho e brincar, saem desordenadamente pelas ruas estreita da cidade antiga na noite de terça-feira formando o “gassle” que só acaba às 4 h. da madrugada de quarta feira.
 Quando ocorre o carnaval, é inverno. E a temperatura média na cidade é de 5 graus.
 
 
Bonn
Em Bonn, importante cidade alemã, acontece o chamado carnaval das mulheres, o weiberfastnacht, uma tradição que remota ao século XIX. Esse carnaval, único com essas características no mundo, teve início na pequena cidade de Benel, quando as lavadeiras criaram um movimento que pode ser considerado precursor da emancipação feminina : em certo dia do ano as mulheres tinham liberdade de fazer tudo. Em 1824, a sofisticação do movimento chegou a tal grau que foi criado o comitê dos foliões femininos, ao qual o homem ficava subjugado.
Outro acontecimento importante do carnaval de Bonn, e também da região da Renânia, é o “Rosenmontag”, um carnaval onde se organizam desfiles com pessoas fantasiadas com roupas militares. Máscaras escondem o rosto de todos, pois há uma crença que o diabo, nessa época, fica solto por toda região, onde fica a “floresta negra”, cada grupo cultiva uma forma de tradição, por isso as fantasias variam muito.
 
Nova Orleans
Em Nova Orleans acontece o maior carnaval norte-americano, o Mardi Grass. O Mardi Grass que significa terça gorda, se iniciou quando negociantes fundaram o clube “The Mystick Krewe of Comus”, em 1857, e fizeram um desfile com monumentais carros alegóricos, tendo à frente negros com archotes (na terça-feira de carnaval). Na primeira década deste século formou-se o “Krewe of Rex” que desfilou para o Grão-Duque da Rússia. 
 Durante o Mardi Grass, mais de 50 agremiações desfilam pelas ruas da cidade, os bares ficam o tempo todo abertos, e são tomados por multidões com os mais exóticos trajes, que bebem e saem as ruas fazendo a maior algazarra nas passagens das agremiações. O ponto de encontro do carnaval negro é a Av. Clair Borne, onde se espalham as mais exóticas tribos, com elaboradas e esquisitas fantasia. O monarca da festa é o Rei ZULÚ. Ha uma mistura de ritmos de origem negra. 
Os locais dos desfiles são amplamente divulgados pelos jornais.  O mais importante se estende da ST. Charles Avnue à Canal Street. Uma das agremiações mais conhecidas é a Bacchus que se apresenta com gigantescos e originais carros alegóricos. Outra agremiação bastante conhecida é a Endymion.
 
Outros Carnavais no Mundo
 
Tirana, Albania; Corrientes, Argentina; Aruba; Barbados; Cuba; Oruro, Colombia; Malta; Macedonia; México; Torres Vedras, Portugal; Romenia; Eslovenia: Suécia; Iugoslávia; Uruguai; Grécia; Hambugen, Cologen, Alemanha; etc.
 

Texto retirado da internet .

Albert Gallatin Mackey

Alguns autores e obras são citados constantemente na maioria dos
livros pela sua importância cronológica e, mais ainda, pela
contribuição imprescindível que deram na organização de nossa
instituição. Poderíamos mencionar os trabalhos eternos de Joseph Paul
Oswald Wirth, Robert Freke Gould, George Kloss, William Hutchinson,
René Guénon, Wilhelm Begemann, Eliphas Levy, Alec Mellor e tantos
outros não menos importantes. Trataremos aqui, de maneira breve, da
obra de Albert Gallatin Mackey, possivelmente, o mais citado de todos
os autores, fato este que se deve a especificamente um de seus
legados.

O americano Albert Gallatin Mackey talvez tenha sido o mais importante
historiador e jurista maçônico que aquela nação já produziu. Segundo
seus próprios compatriotas, até hoje não se avaliou adequadamente as
conseqüência que seus trabalhos tiveram sobre a maçonaria, não só
americana, mas também de todo o mundo.

Dos Irmãos Americanos que conquistaram fama internacional no mundo
maçônico, vários foram escritores cujos trabalhos ajudaram na formação
e na extensão da luz maçônica, dentre estes nenhum escreveu tão
volumosamente como o fez Mackey.

Nascido em 12 de março de 1807 na cidade de Charleston no estado
americano da Carolina do Sul, Albert Mackey graduou-se com honras na
faculdade de medicina daquela cidade em 1834. Praticou sua profissão
por vinte anos, após o que dedicou quase que completamente sua vida à
obra maçônica.
Recebeu o grau 33, o último grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, e
tornou-se membro do Supremo Conselho onde serviu como Secretario-Geral
durante anos. Foi nesta época que ele manteve uma estreita associação
com outro famoso maçom a americano, Albert Pike.

Participou como membro ativo de muitas lojas, inclusive a legendária
“Solomon's Lodge No. 1,” (http://www.solomonslodge.org/main.htm),
fundada em 1734, que é, ainda hoje, a mais famosa e mais antiga loja
operando continuamente na América do Norte. Ocupou inúmeros cargos de
destaque nos mais altos postos da hierarquia maçônica de seu país.

Pessoalmente o Dr. Mackey foi considerado encantador por um círculo
grande de amigos íntimos. Seu comportamento representava bem o que,
entre os americanos, é chamado de cortesia sulista. Sempre que se
interessava por um assunto era muito animado em sua discussão, até
mesmo eloqüente. Generoso, honesto, leal, sincero, ele mereceu bem os
elogios e qualificações que recebeu de inúmeros maçons de destaque.

Um revisor da obra de Mackey disse que, como autor de literatura e
ciência maçônica, ele trabalhou mais que qualquer outro na América ou
na Europa. Em 1845 ele publicou seu primeiro trabalho, intitulado Um
Léxico de Maçonaria, depois disto seguiram-se: “The True Mystic Tie”
1851; The Ahiman Rezon of South Carolina,1852; Principles of Masonic
Law, 1856; Book of the Chapter, 1858; Text-Book of Masonic
Jurisprudence, 1859; History of Freemasonry in South Carolina, 1861;
Manuel of the Lodge, 1862; Cryptic Masonry, 1867; Symbolism of
Freemasonry, and Masonic Ritual, 1869; Encyclopedia of Freemasonry,
1874; and Masonic Parliamentary Law 1875.

Mackey esteve até o fim da vida envolvido com a produção de
conhecimento maçônico. Além dos livros citados ele contribuiu com
freqüência para diversos periódicos e também foi editor de alguns. Por
fim, publicou uma monumental “History of Freemasonry”, que possui sete
volumes. Um testemunho da importância e popularidade que os livros
escritos por Mackey têm é o fato de que muitos deles são editados até
hoje e estão à venda em livrarias, inclusive pela Internet. No Brasil,
por exemplo, é possível encontrar pelo preço aproximado de R$54,00 um
exemplar de “History of Freemasonry” (http://www.sodiler.com.br/
index.cfm). No site da livraria Amazon (www.amazom.com), tida como a
maior da Internet, é possível adquirir 26 edições diferentes quando se
procura livros usando como referência as palavras Albert Mackey. Para
quem tem habilidade de leitura em inglês, é possível ler um livro
inteiro de Mackey disponível na internet. O título "Symbolism of
Freemasonry” ou o Simbolismo na Maçonaria, de 364 páginas, que pode
ser encontrado no seguinte link: http://www.hti.umich.edu/cgi/t/text/text-idx?c=moa;idno=AHK6822.
Dos muitos trabalhos que o Dr. Mackey legou à posteridade, um
julgamento quase universal identifica a “Encyclopedia of Freemasonry”
como a obra de maior importância. Anteriormente a publicação deste
livro não havia nenhum de igual teor e extensão em qualquer parte do
mundo. Esta obra teve muitas edições e foi revisada várias vezes por
outros autores maçônicos.

A contribuição de Mackey para o pensamento e leis maçônicas, produto
de sua mente clara e precisa, é tida como de fundamental importância.
Praticamente toda a legislação maçônica fundamental é hoje
interpretada com base em alguns de seus escritos. É verdade que
algumas de suas obras contêm enganos, mas o conjunto é de extremo
valor e, em particular, um trabalho tem especial destaque no mundo
todo. A compilação feita por ele dos marcos ou referenciais básicos da
maçonaria é adotada como fundamento em vários ritos e obediências.
Estamos falando aqui dos tão mencionados e conhecidos “Landmarks”.


A primeira vez em que se fez menção à palavra Landmark em Maçonaria
foi nos Regulamentos Gerais compilados em 1720 por George Payne,
durante o seu segundo mandato como Grão-Mestre da Grande Loja de
Londres, e adotados em 1721, como lei orgânica e terceira parte
integrante das Constituições dos Maçons Livres, a conhecida
Constituição de Anderson, que, em sua prescrição 39, assim,
estabelecia:
"XXXIX - Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para
modificar este Regulamento ou redigir um novo em benefício desta
Fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos
Landmarks..."

A tradução da palavra Landmark do inglês para o português resulta no
substantivo "marco", que, caso consultemos o dicionário Aurélio, tem o
seguinte significado: marco [De marca.] S. m. 1. Sinal de demarcação,
ordinariamente de pedra ou de granito oblongo, que se põe nos limites
territoriais. [Cf. baliza (1).] 2. Coluna, pirâmide, cilindro, etc.,
de granito ou mármore, para assinalar um local ou acontecimento: o
marco da fundação da cidade. 3. Qualquer acidente natural que se
aproveita para sinal de demarcação. 4. Fig. Fronteira, limite: os
marcos do conhecimento.

Estas definições exemplificam bem o contexto no qual o termo Landmark
é utilizado, além de fazer uma referência quase explícita às origens
operativas da maçonaria, quem já construiu algo em alvenaria sabe que
a fixação dos marcos é um dos primeiros momentos da obra e um passo
fundamental para a sua execução. Sem marcos bem estabelecidos fica
muito difícil a obra ser bem executada.

Os Landmarks, que podem ser considerados uma "constituição maçônica
não escrita", longe de serem uma questão pacífica, se constituem numa
das mais controvertidas demandas da Maçonaria, um problema de difícil
solução para a Maçonaria Especulativa. Há grandes divergências entre
os estudiosos e pesquisadores maçônicos acerca das definições e
nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e várias classificações de
Landmarks, cada uma com um número variado deles, que vai de 3 até 54.
Virgilio A. Lasca, em "Princípios Fundamentales de la Orden e los
Verdaderos Landmarks", menciona uma relação de quinze compilações.

As Potências Maçônicas latino-americanas, via de regra, adotam a
classificação de vinte e cinco Landmarks compilada por Albert Gallatin
Mackey. Deve-se a isto a frequência com que o Mackey é mencionado
também entre nós.

Segundo estudiosos do assunto, a compilação de Mackey teve sucesso por
que conseguiu ir ao passado e trazer as tradições e costumes
imemoriais à prática maçônica moderna. Este trabalho estabeleceu a
ordem em meio ao caos, fornecendo um ponto de partida para os juristas
e legisladores maçônicos que o seguiram.

Fato é que o grande trabalho de Mackey em jurisprudência, e mesmo o
que se estende além dos Landmarks ou da jurisprudência, sobreviveu ao
teste do tempo. Ainda hoje ele é freqüentemente citado como uma
autoridade final. Suas contribuições tiveram, e ainda tem, um efeito
profundo e permeiam grande parte do pensamento maçônico moderno. Ao
criar sua obra, este autor, estava na realidade criando os marcos
sobre os quais foi possível edificar grande parte do conhecimento
maçônico que se produziu posteriormente.

Albert Gallatin Mackey passou ao oriente eterno em Fortress Monroe,
Virgínia, em 20 de junho de 1881, aos 74 anos. Foi enterrado em
Washington em 26 de junho, tendo recebido as mais altas honras por
parte de diversos Ritos e Ordens. Hoje existe nos Estados Unidos uma
condecoração, a “Albert Gallatin Mackey Medal” , que é a mais alta
condecoração concedida a alguém que muito tenha contribuído para a
causa maçônica.

Bibliografia:
Este trabalho foi elaborado tendo como base a bibliografia listada
abaixo, sendo que dela foram retirados as idéias centrais, referências
e inclusive transcrições literais.
1-Publicação da Aug.'. Resp.'. Loj.'. Simb.'. São Paulo nº 43. (http://
www.lojasaopaulo43.com.br/publicacoes.php)
2-Publicação da Gran.'. Loj.'.Maç.'.do Estado da Paraíba. (http://
www.grandeloja-pb.org.br/legis_landmarks.htm)
3-The Grand Lodge of Free and Accepted Masons of the State of
California (
http://www.freemason.org/mased/stb/stbtitle/stb1936/
stb-1936-02.txt
)

fonte: 
http://mictmr.blogspot.com/2006/01/quem-foi-albert-mackey.html

O Número 3 - Da Santíssima Trindade aos Três Poderes

Falar sobre o simbolismo mágico que envolve os números é um assunto tão fascinante quanto a eterna busca para explicações que decifrem a alma humana. Independente do tempo e do espaço, de religiões e conceitos, o ser humano sempre criou e procurou símbolos e códigos para decifrar a si mesmo. E a simbologia dos números é um deles.

As tradições relatam que os povos primitivos utilizavam os dedos e pedras para fazer seus primeiros numerais. Os egípcios aprenderam a Matemática com os hebreus cativos, há mais de 300 anos antes de construir as pirâmides. A Matemática explica que os primeiros números surgiram quando os pastores começaram a contar seus rebanhos no final do dia, comparando a quantidade de ovelhas à determinada quantidade de pedras. Uma das ciências mais antigas da História, a Numerologia, foi utilizada pelos povos fenícios, babilônicos, egípcios, gregos, romanos, chineses e árabes.

Ao longo do desenvolvimento desta ciência, cada número passou e ter um significado. E o simbolismo do número três é um dos mais curiosos e complexos nas mais diversas culturas e seus simbolismos. O três significa “A Criação”, a natureza tríplice de Deus (criação – conservação – destruição). Pode significar também o desenvolvimento ordenado do Universo em sua total harmonia e os três principais ciclos da vida: nascimento, apogeu e morte.

Já na Filosofia, por definição do pensador Pitágoras, representa o conhecimento: música, geometria e astronomia. Em outras culturas é definido ainda como o símbolo sexual masculino: pênis e testículos; a composição do homem: corpo, alma e espírito, ou as três esferas concêntricas do Universo: o natural, o humano e o divino.
Para os chineses é o número perfeito porque reúne o homem, a terra e o céu. Já os gregos vêem a Deusa e a vegetação em três aspectos: jovem, mãe e velha.

Bíblia – Na Bíblia o número três significa a comunhão perfeita, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus, Maria e José, três pessoas formam a Sagrada Família. Três eram os reis magos que visitaram o menino-Deus. Três foram as tentações superadas por Cristo no deserto. Aos trinta anos, iniciou sua vida pública que durou três anos. Doze eram os números de apóstolos (um mais dois, igual a três) e três eram as Marias presentes em sua crucificação. Aos trinta e três anos foi morto e três dias depois, Cristo ressuscitou.

Bruxaria – Já para as bruxas, o número três, representado pelo triângulo, significa a manifestação da magia ocidental e é usado em invocações para invocar espíritos. O sinal da entidade é colocado no centro do triângulo. O triângulo invertido representa o princípio masculino. Há também o símbolo das três luas, indicando três faces: A Virgem, A Mãe e A Anciã

Maçonaria – Na Maçonaria os três pontos também possuem um significado todo especial e com as mais variadas interpretações. O maçom, quando assina qualquer documento, finaliza sua assinatura com três pontos, que podem significar: liberdade, igualdade e fraternidade; presente, passado e futuro; luz, trevas e tempo; nascimento, vida e morte; ou ainda sabedoria, força e beleza.

Política – Na esfera política, sobretudo na democracia, o número três se torna especial já que a sociedade civil organizada está apoiada em Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).



Retirado do site: http://www.resenhando.com/legenda/v9406.htm

Cinco motivos para NÃO SER maçom


1. Influência política - Poder


Ao contrário do que muitos pensam, a Maçonaria - pelo menos a maçonaria Regular; e, mesmo quanto à Maçonaria Liberal, acho que são mais as vozes do que as nozes... - não tem mais influência junto do Poder Político do que qualquer outra instituição social. A única influência que a Maçonaria pode exercer é apenas de ordem moral, pelo exemplo dos seus membros através da aplicação dos seus princípios. Engana-se quem pensa que. ao juntar-se à Maçonaria, terá acesso aos corredores do Poder...

Aliás, uma das coisas de que o maçon rapidamente se dá conta,dentro da Ordem, é que é muito mais abrangente a ilusão do Poder, do que este propriamente dito. Ao menos em ambiente democrático, cada um exerce apenas o Poder que os demais lhe reconhecem e admitem que exerçam.
Em Loja, o detentor do Poder, o condutor, o decisor, o que detém os símbolos do Poder é o Venerável Mestre. Pois bem: como todos os que já se sentaram na Cadeira de Salomão rapidamente verificaram, a função de Venerável Mestre é aquela em que, afinal, não se tem mais direitos do que o mais recente Aprendiz e se tem mais deveres do que os restantes Mestres.
Portanto, quem busca o perfume do Poder, procure-o noutro lado, não na Maçonaria. Aqui apenas aprenderá o cumprimento dos seus deveres.
2. Influência económica - negócios e dinheiro
Quem pensar que a entrada na Maçonaria é uma porta aberta para obter contactos e negócios e o propiciar de condições para "subir na vida", pense outra vez, e pense melhor! Se for este o motivo que o faz desejar entrar na Maçonaria, poupe-se ao trabalho e às despesas. Dentro da Maçonaria fará os mesmos negócios que faria fora dela. O que todos lhe pedirão na maçonaria é que dê algo de si em prol dos outros. Dos demais receberá o que efectivamente necessite e os demais lhe possam dar, não o que deseje ou egoisticamente pense que lhe convenha. Os negócios da Maçonaria são de índole moral e espiritual. Quem deseje entrar no Templo tem que deixar os seus metais à porta deste.
3. Influência social - honrarias e reconhecimento
Na Maçonaria usam-se aventais e colares e jóias, é verdade. Mas o maçon considera tudo isso como meros penduricalhos. A única diferença entre o mais rico, bonito, bordado e colorido avental de Grande Oficial ou de Altos Graus e o simples avental branco de Aprendiz é que quem usa aquele pagou bem mais caro por ele do que o que usa este. Aliás, de todos os aventais que um maçon possa possuir, aquele que para ele tem significado é precisamente o primeiro, o mais simples, o avental branco de aprendiz. Esse é o que qualquer maçon, qualquer que seja o seu grau ou qualidade, pode sempre usar e simbolicamente deve sempre usar. Esse é o adorno que o maçon deve cuidar de manter sempre alvo e puro e, portanto, nunca conspurcado por acções censuráveis ou indignas.

O maçon gosta de usar a jóia de sua Loja, não porque seja bela ou valiosa, mas apenas e tão só porque é um dos símbolos de sua Loja e o seu uso demonstra a todos os seus Irmãos o grupo fraterno em que se integra.

O maçon usa colar quando exerce uma função, não porque lhe fique bem, mas apenas e tão só como distintivo de que a está exercendo. Em bom rigor não é o maçon que usa o colar; é o colar de função que usa o maçon...

Nem na sociedade profana o estatuto de maçon atribui qualquer privilégio que não o reconhecimento das eventuais qualidades de quem o seja, nem no interior da Maçonaria o estatuto social, profissional, académico ou de fortuna diferencia um maçon de outro; o mais jovem aprendiz só tem uma maneira de se dirigir ao Muito Respeitável Grão-Mestre (apesar de formalmente lhe dar este tratamento): "meu Irmão"! E é esse mesmo o tratamento que recebe do Grão-Mestre.

Assim, aquele que porventura sonhe ser a maçonaria um local ideal para obter ou reforçar reconhecimento social, não se engane a ele, nem engane os maçons: abstenha-se de pretender ser maçon!

4. Beneficência - ajuda ao próximo
O bem intencionado que porventura procure na Maçonaria o instrumento para dar largas ao seu anseio de ajudar o próximo, de ser beneficente, se é essa a principal razão que o move, se é isso que vê na Maçonaria, também está enganado.

Não que a Solidariedade e a Beneficência não sejam prosseguidas pela Maçonaria. Claro que o são. Mas não é essa a razão de existir da Maçonaria. Não é por causa da Solidariedade e da Beneficência que a Maçonaria existe. A Solidariedade e a Beneficência são simples consequências de se ser maçon.

Em linguagem de "economês", por muito praticadas que sejam, a Solidariedade e a Beneficência não fazem, no entanto, parte do "core business" (essência) da Maçonaria.

Em linguagem de "industrialês", por muito importantes que sejam, a Solidariedade e a Beneficência são simples subprodutos da Maçonaria.

Portanto, se são a Solidariedade e a Beneficência que atraem o bem intencionado, e nada mais, e não essencialmente algo mais, então o melhor que o bem intencionado tem a fazer é dar largas ao seu anseio através de outras organizações especialmente vocacionadas para isso. A Ajuda de Berço é uma boa opção. A Cruz Vermelha, também. Os Bombeiros, idem. O Banco Alimentar contra a Fome, a mesma coisa. E muitas mais organizações há que têm na Solidariedade e na beneficência a sua razão de ser. E , mesmo sem se juntar a qualquer organização, certamente na sua rua ou na sua localidade encontrará alguém que necessita da sua ajuda. Dê-lha!

5. Curiosidade - conhecer o "segredo maçónico"

Se é a curiosidade que o faz desejar ser maçon, não se iluda: naquilo que ela pode ser satisfeita, não precisa de ser maçon para o saber.

Quer conhecer as palavras de reconhecimento mútuo dos maçons? Por quem é, não seja por isso, arme-se de um pouco de paciência, leia uns livros, encontre umas obras onde estão transcritos rituais antigos e faça favor! Nunca ouviu dizer que os maçons preservam a Tradição? Então, basta tirar a consequência: o que se fazia antigamente continua válido agora... Mas, o quê? Ser maçon só para tomar conhecimento dessas palavras sem ter de ter o trabalho de procurar? Meu caro, a Preguiça é um Pecado Mortal... Se é só por isso que quer ser maçon, os maçons não querem preguiçosos no seu seio... E - acredite em mim! -, garanto-lhe que vai ter muito mais trabalho e demorar muito mais tempo para tomar conhecimento dessas palavras, grau por grau, do que se ler nos livros certos. Está tudo publicado!

Quer conhecer os sinais secretos dos maçons? Meu caro, o You Tube preenche-lhe o anseio!

Portanto, caro curioso, se é a curiosidade que o move a ser maçon, esqueça! Tem outros meios de a satisfazer!

E, afinal, se o que pretende é apenas conhecer como pensam, o que fazem, de que tratam, os maçons, nem sequer precisa de se incomodar muito: basta-lhe ir lendo o A Partir Pedra...

Rui Bandeira