30 de maio de 2010

Regularidade e Reconhecimento - Parte II

MAÇONARIA
REGULARIDADE E RECONHECIMENTO
15.2 - 2ª PARTE

Não foi a criação de uma Grande Loja e posteriormente outras denominações surgidas, que fez as lojas maçônicas abdicarem da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, foi o poder exagerado passado aos grão-mestres, independente da potência ou obediência. O grão-mestre não tem culpa do poder que lhe foi outorgado.
Hoje, a maioria dos Veneráveis Mestres vive de bater malhetes, sem noção do poder decisório de uma loja, poucos são, os que conhecem o que é ser Venerável. Não existe uma escola de formação de veneráveis, que possa lhes passar tal conhecimento. Chega-se ao grau de mestre, sem um sistema de ensino, quem quer obter conhecimento tem que se tornar um autodidata. A história da fundação de uma das maiores potências conhecida, a Grande Loja da Inglaterra, hoje, Grande Loja Unida da Inglaterra, é desconhecida de quem não pesquisa, e não procura se atualizar. É simples adquirir o conhecimento, a internet tornou tudo acessível.
Antigamente se admitia em lojas, a presença de um capelão e um médico, sem que estes tivessem sido iniciados, eles tinham o dever de manterem discrição sobre o que acontecia nas lojas. Em 1717, um pastor presbiteriano que não era iniciado, e que participava de uma loja especulativa em Londres, teve a sua entrada vedada em uma loja operativa, pois, ele não soube informar quais eram as palavras que lhe dariam acesso em reuniões, tendo então sido revelado que ele era capelão em uma loja e que não havia passado pela iniciação, seu nome: James Anderson (1679 – 1739), então, sob sua influência, criou-se a Grande Loja de Londres, tendo ele criado naqueles tempos uma Constituição maçônica. Quem conhece a história e pesquisa sabe do fato. Pode-se dizer que a fundação da Grande Loja de Londres, foi “irregular” e “espúria”. “Os que falam em regularidade são obrigados a lançar um véu discreto sobre suas próprias origens, porque a história não tem complacência, ela remete cruelmente a seu devido lugar os excomungadores de hoje, que muitas vezes, foram os irregulares de ontem”.
Cada potência possui em seus quadros, homens que sempre engrandecem a maçonaria onde quer que estejam atuando, pelo seu grande conhecimento e visão.
A maçonaria possui uma grande diversidade de mentes em suas fileiras, mas não possui o que é preciso, a unidade. Somos muitos, mas ainda não conseguimos nos tornar um só.
Se fossem adotadas as regras originais que tanto se apregoa, a mais antiga potência brasileira deveria ser considerada irregular na sua origem, pois, adotou primeiramente na sua fundação o rito Adoniramita e posteriormente um rito ateu (Moderno ou Francês) e continua adotando, contrariando o primeiro preceito maçônico: Acreditar em Deus.
Por comodidade e interesse próprio esqueceram que a descrença no Grande Arquiteto do Universo, gerou uma divisão na maçonaria entre a Inglaterra e a França, se for pedida uma explicação para isto, certamente ela será dada dizendo que não é bem assim que funciona.
As disputas pelo poder irão se suceder como sempre ocorreu, causando insatisfações em um meio onde jamais deveriam existir.
Na primeira divisão ocorrida na maçonaria brasileira, a nova potência (Grande Loja) surgida foi considerada como irregular e espúria.
Na segunda divisão ocorrida na maçonaria brasileira, (Grande Oriente Estadual) o mesmo fato se repetiu.
Os considerados como irregulares ontem, são os que se consideram regulares hoje.
Certamente outras divisões irão ocorrer, e tudo voltará a ocorrer como anteriormente.
“A unidade maçônica sonhada por alguns é um engodo; jamais ela será realizada e nem é de desejar que o seja. A maçonaria deve adaptar-se aos diferentes países e corresponder, em cada país, às diferentes aspirações dos maçons”.
A maçonaria tem parar com a hipocrisia, não existem homens bons apenas em uma determinada potência ou obediência e maus apenas eu outra, existem pessoas boas e más em todos os lugares, existem aqueles dotados de conhecimento místico, esotérico e simbólico, que enobrecem qualquer instituição a que pertencem, e os que desconhecem de tudo, mesmo sendo bons (só usam a Ordem maçônica em benefício próprio), estes deveriam participar de clubes de serviço, existem vários. Não é por desconhecerem os princípios da Ordem e não se adaptarem a ela que deixam de ser bons cidadãos, temos de respeitar isso e aceitar quando deixam a sublime instituição.
Qual potência se habilita a apresentar o documento que lhe confere o título de proprietária da maçonaria?
Existem potências que por não adotarem determinados
ritos, não os aceitam como legítimos, não aceitam o que desconhecem.

Os preconceitos, a intolerância, o desconhecimento, as rivalidades individuais, a mesquinhez e maçons de carteirinha, que jamais, deveriam existir na instituição maçônica, estão sendo usados para desqualificar trabalhos profícuos que são executados em outras obediências, porque eles não pertencem a determinados grupos que querem se intitular como donos de um conhecimento que não lhes pertence, que foram colocados à disposição de todos há milênios.
Os que se julgam donos da verdade deveriam olhar primeiramente para o passado, e só então, tentar construir um futuro que já existe em outros países mais evoluídos, com várias potências trabalhando em prol da humanidade, achar que a maçonaria universal é constituída de apenas uma, duas ou três potências é demonstrar total desconhecimento da história da maçonaria no mundo, desconhecem o que existe fora de sua região de vivência, para estes, nem mesmo a internet conseguiu lhes trazer este conhecimento.
Alias, censura-se o uso da internet pela maçonaria, quanto atraso. Pode-se frequentar livrarias, bibliotecas, assistir filmes e documentários nos cinemas e televisões, ouvir programas em rádios, fazer aquisição de livros, jornais e revistas de conteúdo maçônico, para tentar obter certo conhecimento, mas não se pode usar a internet. O mundo mudou, a forma de aquisição de conhecimento ampliou-se, não se pode tentar viver ainda como na idade da pedra. Os rituais devem servir de guia, mas o conhecimento não está apenas neles, eles não conseguem abranger todo o conhecimento.
A maçonaria não pode viver apenas do passado, tem que evoluir dar um salto para o futuro como em outras nações. Tem que evoluir até mesmo em suas propostas de admissão, elas deveriam estar à disposição em sites maçônicos, todo aquele que se julgar em condições de pertencer à sublime instituição, deveria ter o direito de preencher um formulário se candidatando, como já existe em grande parte do mundo, até quando, as pessoas de bem ficarão fora da maçonaria por não conhecerem que lhes possa convidar. Hoje só se indicam os conhecidos. Existe ate mesmo aqueles que se orgulham em dizer que nunca convidaram ninguém por não conhecer quem poderia vir a fazer parte da maçonaria, estes devem viver em um ambiente muito ruim para não conhecerem ninguém a quem possam indicar, devem achar que são os únicos puros e escolhidos.


autoria de Pedro Neves - neves.pedro@gmail.com
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www.trabalhosmaconicos.blogspot.com

Regularidade e Reconhecimento - Parte I

MAÇONARIA
REGULARIDADE E RECONHECIMENTO
15.1
1ª PARTE


Potências ou obediências maçônicas novas surgem geralmente através de cisões, com irmãos que eram ativos na obediência anterior, os que ficam na antiga tornam-se sectários, e acham que os fundadores de uma nova loja, potência ou obediência não servem mais para fazer parte da instituição, que são irregulares ou espúrios (desconhecem totalmente o que é ser regular ou espúrio), segundo o dicionário Aurélio:
Regular (Do lat. tar. Regulare, ‘canônico’, ‘relativo ás regras’ adj.)
Adjetivo de dois gêneros
1 - Relativo a regra.
2 - Que é ou que age conforme as regras, as normas, as leis, as praxes.
3 - Diz-se de todos os religiosos que professam numa determinada regra especial, numa ordem, congregação ou sociedade.
Verbo Transitivo direto
1 – Sujeitar a regras; dirigir, regrar.
2 – Encaminhar conforme a lei.
Espúrio (Do lat. tard. Spuriu)
Adjetivo
1 – Não genuíno; suposto, hipotético, adulterado, modificado, falsificado.

Não existe uma instituição que possa se considerar proprietária da maçonaria, e de seu ensino, bem como, nenhuma instituição é proprietária do simbolismo Místico e Esotérico do esquadro e do compasso, eles são milenares e foram adotados por várias instituições relativamente novas, dentre elas, a maçonaria, portanto, não existe instituição para conferir regularidade a quem quer que seja.
Por desconhecimento, os maçons que fazem parte de determinadas potências ou obediências, como queiram, têm por hábito acreditar que somente a que eles fazem parte é perfeitamente “regular”.
Os maçons que forem iniciados segundo os antigos usos e costumes são “regulares”, em qualquer loja a que venham pertencer. Os maçons são livres para fundar e mudar de loja, potência ou obediência, desde que, continuem a praticar as regras estabelecidas na antiguidade.
Se a nova loja. Potência ou obediência é formada por maçons que eram legítimos na anterior, como os classificar como espúrios.
Geralmente os que falam sobre “regularidade”, procuram cobrir as suas origens, a maioria das vezes “irregulares”.
As lojas antigamente eram livres, soberanas e independentes, mas, o grande erro surgiu em 1717, quando três lojas de Londres se reuniram para criar uma Grande Loja, elas calcularam mal tal iniciativa, e passaram desde então a ser dependentes do novo órgão criado. O grão-mestre, que deveria executar as determinações das lojas, passou a gerir os destinos delas, que se tornaram subordinadas. O novo órgão passou a ditar normas, procedimentos e impor decisões, cresceu e tirou o direito que caberia apenas às lojas. Desde então, este órgão se tornou dirigente, decide tudo sem consultar as suas bases de formação, as lojas; que por terem dirigentes e associados sem conhecimento a tudo acatam como cordeirinhos.
As lojas venderam os seus bens mais preciosos, a Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
A Liberdade não existe, as lojas nada fazem sem uma autorização do novo órgão, é ele que autoriza ou recusa a instalação de novas lojas. A Liberdade deixou de existir em 1717, e muitos ainda não tomaram ciência disso.
A Igualdade não existe, as lojas que a possuíam, umas com as outras, já não existe, ficaram reféns do novo órgão, que tudo domina que cresce assustadoramente cada vez mais em seu poder financeiro com a contribuição das lojas, e estas com seus cofres cada vez mais exauridos. A Igualdade deixou de existir em 1717, e muitos ainda não tomaram ciência disso.
A Fraternidade não existe, as lojas já não decidem quem é irmão ou não, a quem visitar ou a quem receber. Perdeu-se o sentido de tolerância ensinado nos discursos oficiais. O termo Fraternidade é um engodo, ele está sendo compreendido de modo diferente do que é propagado, Já não se fala a mesma língua, apesar de os símbolos serem os mesmos, razão das decisões contraditórias, destrutivas da unidade dentro da instituição que visa a concórdia universal. As lojas passaram a agir como sectários religiosos. As lojas estão deixando de praticar aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz com infinita ternura aos seres humanos, indistintamente, do alto de uma Cruz e com os braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos!”. A Fraternidade deixou de existir em 1717, e muitos ainda não tomaram ciência disso.
A criação deste novo órgão acabou com a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, e através de seus administradores, não querem perder o poder do feudo que criaram. Tentam impedir a intervisitação com lojas ou obediências que não lhe são subordinadas, querem impedir que novas idéias possam surgir. Eles impedem na realidade, o crescimento da Ordem por pura vaidade.
Uma nova loja ou potência é sempre criada, por maçons que possuem grande conhecimento e que certamente serão bem recebidos se quiserem um dia voltar às suas origens.
Nunca vi uma carta de reconhecimento de uma potência para outra potência, elas só se reconhecem entre si. Ex: Grande Loja para Grande Loja; Grande Oriente para Grande Oriente, desconheço uma carta de soberano grão-mestre do Grande Oriente do Brasil reconhecendo uma Grande Loja ou vice-versa. Existem na realidade, tratados de amizade entre as obediências ou potências.

autoria de Pedro Neves - neves.pedro@gmail.com
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Os Versos de Ouro de Pitágoras

Carlos Cardoso Aveline
(Membro da Sociedade Teosófica pela Loja Brasília, de Brasília)

(Este texto é parte integrante do artigo de mesmo nome publicado no jornal "O Exotérico" nº 25, de junho/98, de Porto Alegre-RS)

Os Versos de Ouro da tradição pitagórica constituem um documento de valor inestimável. Este texto, breve e único, até hoje pouco conhecido do público, é um mapa preciso do caminho prático para a sabedoria divina. O fato de que caiu no esquecimento e é relativamente raro só faz aumentar seu valor. Ele expressa em poucas palavras, e com uma clareza definitiva, o compromisso de vida dos pitagóricos de todos os tempos.

Os Versos de Ouro serão tão atuais dentro de 500 anos como eram na Grécia antiga há 2.500 anos atrás. Na complexa transição de hoje para uma civilização global, eles apontam e sinalizam impecavelmente o caminho da regeneração de cada indivíduo, base para o renascimento coletivo da sabedoria nos próximos anos e décadas.

Traduzo os Versos de Ouro a a partir do texto de Hierocles de Alexandria, com base na versão em língua inglesa feita por N. Rowe em 1707, e adotada hoje pela maior parte dos estudiosos da tradição pitagórica. Mas levei em conta outras versões importantes dos Versos, entre elas a de Fabre d'Olivet. A seguir, portanto, um texto imortal que se pode ler, reler e meditar ao longo do tempo. É um mapa, um guia e um tratado completo sobre a vida dos sábios.


OS VERSOS DE OURO DE PITÁGORAS


1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.

2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.

3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.

4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.

5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.

6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.

7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.

8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,

9. Porque o poder é limitado pela necessidade.

10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões:

11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.

12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.

13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.

14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.

15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.

16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos;

17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.

18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for,

19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.

20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.

21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.

22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.

23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.

24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.

25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora:

26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,

27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.

28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas,

29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.

30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.

31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.

32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.

33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo,

34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.

35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.

36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.

37. Evita todas as coisas que causarão inveja,

38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.

39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.

40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.

41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,

42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.

43. Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"

44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.

45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração

46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina,

47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.

48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.

49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.

50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,

51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,

52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.

53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.

54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.

55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.

56. Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.

57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.

58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.

59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,

60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.

61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!

62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes,

63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.

64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina,

65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.

66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.

67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.

68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.

69. Avalia bem todas as coisas,

70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.

71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter,

72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.

Tempos Difíceis

São tempos difíceis caros Irmãos.
Tempos de violência, de degradação e de desesperança. Famílias se desfazem, vidas se vão e valores antes insubstituíveis se enterram sob o peso dos vícios e do egoísmo. Tudo se torna relativo ante o poder, o dinheiro e a busca por sobrevivência. Onde foi que perdemos nossos sonhos e nossa inocência? Onde foi que desistimos? Onde foi que erramos? Perguntas e mais perguntas martelam em nossas cabeças durante estes dias obscuros e de mal agouro.
O mal se entranha em nosso cotidiano, as grades nos rodeiam e o prisioneiro se encontra ali, diante do espelho. Somos nós os prisioneiros. Prisioneiros de nossos medos, de nossas angustias e de nossas limitações, só uma coisa nos separa daqueles que estão aprisionados dentro dos muros de uma penitenciaria, eles, diferentes de nós, tem para onde fugir, e você?
A vida não é fácil, viver é um eterna luta, uma aventura fantástica que nos amedronta com suas artimanhas e surpresas, quem poderá dizer alguma vez que já não pediu a Deus ajuda? Quem já não chorou por uma perda? Quem não sorriu quando se realizou um reencontro? Quem é infalível?
Somos nada e somos tudo, que dilema terrível. Somos a poeira e a bela obra prima, somos o divino e o grotesco, somos pais e somos filhos, o que afinal somos?
Mais duvidas, mais dilemas e buscamos as respostas. Lembra quando era pequeno e se perguntava “Porque o céu é azul?” , “De onde vem o vento e a chuva?” , “Porque as estrelas brilham?” e ouvíamos extasiados as respostas simples e inocentes que nossos pais nos davam, vivíamos em um mundo fantástico onde o herói sempre vencia, onde queríamos ser o policial, o bombeiro, queríamos ser o cavaleiro a salvar as indefesas princesas, batalhávamos contra o mal e o bem sempre vencia. Acreditávamos nas fadas e queríamos tocar a Lua com nossas mãos, éramos invencíveis, mas acima de tudo éramos verdadeiros.
Crescemos e tudo isso ficou pelo caminho, as vezes nos pegamos a pensar nas velhas brincadeiras, nos velhos amigos e em tudo que ficou para trás no decorrer implacável do tempo. Hoje somos adultos, mas confesso, gostaria de ser criança novamente, para chorar e buscar colo quando triste ou ferido, para sonhar com meus castelos novamente e me ver mais uma vez a vagar infinitamente pelo universo em busca de minhas inocentes aventuras.... Mas isso ficou a muito tempo para trás e como as águas de um rio nunca retornam, não posso ser mais criança, mas uma coisa posso fazer, resgatar meus sonhos, minhas esperanças e quem sabe ser o mocinho novamente, mesmo que por alguns momentos.
Muitos falarão que isto é puro sentimentalismo, pode ser, mas é um sentimentalismo verdadeiro e profundo, sem mascaras e sombras, puro, e isso me traz a meus queridos Irmãos, Irmãos que a vida me deu como prova de que os sonhos ainda existem, de que chorar não é feio, de que um abraço vale mais que dinheiro e que o solo que eu piso esta no mesmo nível que os demais, sem distinção, sem medos, com honra e lealdade, me sinto novamente o cavaleiro a cavalgar nos vastos campos, livre e feliz. Que mais poderia desejar?
As perguntas me martelam ainda a mente, mas agora sei que não podemos ter todas as respostas, ninguém tem, sei também que ser infalível é impossível, o máximo que podemos fazer é tentar melhorar um pouco a cada dia, sei também que o tempo é curto, o que ficou pra trás não muda o que temos pela frente, mas nunca devemos nos esquecer de onde viemos, sei também que o mundo é duro, mas muitos como eu buscam a justiça e a esperança para construir um mundo sem grades, sem prisões, aprendi que a injuria ronda as nossas vidas junto com a maldade que graça no mundo, mas se deixar abater por ela é o mesmo que apoiar o mundo de caos que se ilumina a cada manhã e o mais importante, aprendi que somente somos a poeira quando separados, mas quando juntos, somos a bela obra prima.
Quem conseguir estar dentro de sua Loja, verá que por detrás de cada terno, cada avental, cada colar, existe um buscador, existe um sonhador e quem sabe poderemos ter a felicidade de encontrar ali uma alma que conseguiu ainda manter a criança viva dentro de seu coração, poderemos encontrar ali mais um cavaleiro a cavalgar em vastos campos, livre, feliz. Quem sabe ele pode nos ensinar como nos livrar das nossas próprias correntes? Quem sabe? A Luz Divina deve brilhar em nossas colunas, e essa luz deve iluminar o caminho de quem tiver a coragem de reconhecer sua debilidade, suas falhas, pois só é merecedor de liberdade aquele que é verdadeiro e honesto. Sou um Mestre que não tem todas as respostas, sou um Mestre que ainda tem muito a aprender. Saibam Irmãos aprendizes que o branco avental que ostentam é o mais belo entre todos, pois ele mostra que quem o usa se propôs a reconhecer e harmonizar tudo aquilo que lhe impede de ser novamente mais um homem livre em vastas veredas, sem o jugo e a carga inútil das correntes que arrasta atrás de si no mundo profano.
Não importa sua Loja, sua Obediência, aquela frase “Meus Irmãos Como Tal Me Reconhecem” não tem significado quando tratado a luz de acordos e convenções criados dentro de salas frias e reuniões formais, mais do que buscar um igual, esta frase significa que os que buscam como nós quebrar os grilhões que nos prendem a um mundo vazio e sem sentido nos reconhecerão, e que juntos formaremos mais um pedaço desta grande obra prima chamada Maçonaria, juntos seremos uma família a atravessar dos mais profundos vales as mais altas colinas a buscar sabedoria e a quebrar grilhões, e quem sabe possamos algum dia sermos dignos de ser tratados como Mestres que enfim aprenderam a ser Aprendizes. Quem sabe aprenderemos a realmente ter aquela criança viva dentro de nossos corações novamente. Quem sabe?
São tempos difíceis caros Irmãos, para os que choram sozinhos, para os que perecem das infâmias de uma vida desprovida, dos que agonizam enfermos em hospitais, dos que gritam por justiça. Agradeça sua boa sorte, abrace seus Irmãos e festeje a oportunidade de estar vivo realizando algo. De também um abraço em sua esposa, seus filhos, e mostre que por mais que os tempos sejam difíceis a união perene dos que se amam sempre supera tudo.
São nas noites mais escuras que precisamos de luz. Iluminemos então Irmãos os quartos vazios de nossas almas e assim espalharemos essa luz pelo mundo. Segure na mão da criança que sempre andou ao seu lado e que a muito você havia se esquecido, e com ela varra o mundo a sua volta, mostrando que por mais que os tempos sejam difíceis ainda existe esperança e ela é eterna como nossas almas.


TFA

Cristiano S. G. de Castro
M.´.M.´.

Palavras de um Aprendiz

Quando nos tornamos maçons aprendemos como devemos nos esforçar para sermos pessoas melhores, nos aperfeiçoarmos, evoluirmos e consequentemente como recebedores, somos chamados a nos tornar doadores de tudo aquilo que nos foi entregue, de tudo aquilo que foi alcançado, pois nada nos pertence, somos simples guardiões de conhecimento que será usado dia-a-dia como argamassa a unir e construir nosso templo maior, a humanidade. Nossa responsabilidade é grande pois ao atendermos o chamado, como verdadeiros maçons, devemos reconhecer nossas limitações, nossos medos, nossas falhas, aprender com elas e nos superarmos, esta é nossa meta, não somente receber a luz, mas amplia-la, difundi-la, e principalmente entende-la.
É um paradoxo querer levar a outros algo incompreensível a nós mesmos, nossa racionalidade cartesiana se rebela contra nossa alma, nossos atos se chocam com nossa vontade, o caos se torna palpável, principalmente para os que trilham o caminho a pouco, estes ainda conseguem enxergar o umbral atrás de seus passos e a visão de um retorno ao lugar de inconsciência e conforto se torna tentadora para todos que não teem realmente coragem de continuar sua jornada, pois ela é solitária e sem volta, o que foi jurado não pode ser desfeito.
Desta forma seguimos nossa jornada, tentando aprender com tudo a nossa volta, reavaliamos nossas experiências, amigos, certezas e nossa vida parece ter novo significado, começamos a vislumbrar que algo maior ainda esta por vir, e que só estamos nos preparando para seguir mais e mais adiante, somos simples aprendizes, queremos discutir, ouvir, ler, dialogar e perguntar, como crianças ansiosas.
Aprendemos que a sabedoria é o que vai desbastar nossa ignorância, ela tornara mais e mais bela a pedra bruta e informe que representa nosso estado de mediocridade e estupidez ao qual estamos ligados desde a muito, mas para isso precisamos de força de vontade, de fé, de esperança, precisamos acreditar, precisamos sentir em todo nosso corpo e alma aquilo que os mais experientes chamam de Grande Obra, precisamos construir, precisamos destruir, nada será feito sem sacrifício, esta é uma senda iniciatica e não se engane aquele que pensa que estamos em um mundo de faz de conta, estamos no mundo real, com conseqüências reais e fatos reais, não se iludam, a Grande Obra não se descobre, se constrói. Sendo assim, somos muitas vezes chamados bruscamente de volta ao caminho quando nos desviamos dele, nossos passos agora podem ser ouvidos em terras distantes e a atenção que nos é dada é cobrada. Nada é fácil, somente justo e perfeito.
Bem, assim será o caminho trilhado, assim é nossa jornada, mas as armadilhas se apresentam, as provas a nosso conhecimento se apresentam, mas como nos foi dito como aprendizes, a alquimia verdadeira não se executa externamente mas interiormente, VITRIOL, desta maneira devemos estar atentos para não darmos a nossa obra somente aspecto magnífico, com um verniz intelectual estupendo, isto é fácil, o que muitos se esquecem é que ela deve estar adornada internamente com nossa Ancora, nossa Cruz e nosso Cálice.
Mais que degraus, estamos galgando nossas limitações, nossos medos e preconceitos, buscar o equilíbrio neste vórtice pode ter um peso esmagador, mas é necessário. Prudência, pois os traidores aparecerão, sabedoria, pois mentiras serão ditas, força, pois batalhas precisam ser vencidas e seu maior inimigo esta exatamente onde ninguém pode alcançá-lo, somente você pode vê-lo, somente você pode enfrentá-lo, e se lembre que vitórias não se alcançam somente com morte e destruição, mas também com reconciliação e paz.
Quando olho para meu filho vejo promessas de paz e harmonia, vejo potencial, vejo felicidade, mas quem sou eu para querer algo? Aprendi que nada nesta vida é acaso, e que nada acontece sem uma causa e efeito. Aprendi isso como pai, essa lição me mostrou que por mais que criemos, nunca podemos controlar o que esta a nossa volta, a natureza das coisas visíveis e invisíveis ainda nos é muito estranha e não temos ainda capacidade de entender o quão sublime pode ser a vida, temos esses lampejos quando vemos um sorriso, um amor incondicional, e isso as vezes quase nos leva as lágrimas, imaginem todo esse amor em sua magnitude. Essa é nossa busca.
Se buscamos a perfeição? Não. Buscamos o entendimento, buscamos a paz de nossos próprios medos, a harmonia de uma vida bela e a felicidade de um retorno a nossa casa celestial, para um novo retorno terreno de buscas e aprendizado.
O mundo gira, o universo não é estático, tudo vibra. Cada molécula de nossas células, pequenos milagres, que nos fazem viver e buscar. A aspiração ao divino deve ser entendida como uma busca própria onde erros e acertos são paradoxos, pois não existe certo e errado, existe o equilíbrio, nossas lojas são exemplo disso, Norte e Sul se completam como o Oriente não pode governar sem o Ocidente, a dualidade se expressa, essa mesma dualidade tende a nos fazer pensar em opostos, nunca em uma coisa mesma, ai reside um grande problema para nossa compreensão. O bem e o mal, a luz e a escuridão, o novo e o velho, não são coisas diferentes, mas a mesma coisa, extremos que se tocam e se completam, um não existe sem o outro, tudo se completa e se destrói para renascer novamente em um ciclo infinito. A manifestação divina sobre a Terra é dual e se equilibra com sabedoria divina, ai esta o triângulo, ai esta a busca ai esta o destino, equilíbrio e compreensão.
Que a jornada seja bela, pois o destino será sempre único, sendo assim, aproveite a caminhada, e não se preocupe em chegar, mas sim em estar no caminho.

Que assim seja.



Cristiano Soares Gomes de Castro
M.´.M.´.

22 de maio de 2010

Liber Librae

Este não é exatamente um texto maçônico, mas traz, ao menos no meu entender, algumas valiosas e importantes observações a todos aqueles que procuram a verdadeira iniciação.

LIBER LIBRÆ

SUB FIGURA XXX

A.·.A.·.
PUBLICAÇÃO EM CLASSE B
IMPRIMATUR: N. FRA. A. · . A. · .

0. Aprende primeiro- Ó tu que aspiras a nossa antiga Ordem! - que o Equilíbrio é a base do Trabalho. Se tu mesmo não tens um alicerce, sobre o que irás tu estar para comandar as forças da Natureza?

1. Saiba, então, que como o homem nasce neste mundo em meio às Trevas da Matéria, e à luta de forças rivais; seu primeiro esforço deve, portanto, ser o de procurar a Luz atravez da reconciliação delas.

2. Tu então que tens provas e problemas, regozija-te por causa deles, pois neles está a Força, e por meio deles é aberta uma trilha àquela Luz.

3. Como poderia ser de outro modo, Ó homem, cuja vida é apenas um dia na Eternidade, uma gota no Oceano do tempo; como poderias tu, não fossem muitas as tuas provas, purgar tua alma da escória da terra? É apenas agora que a Vida Mais Elevada é assediada com perigos e dificuldades; não tem sido sempre assim com os Sábios e Hierofantes do passado? Eles foram perseguidos e ultrajados, eles foram atormentados por homens; ainda assim sua Glória crescera.

4. Regozija, portanto, Ó iniciado, pois quanto maior for tua prova, maior teu triunfo. Quando os homens te ultrajarem, e falarem contra ti falsamente, não tem dito o Mestre, "Sagrados sois vós"?

5. Ainda assim, Ó aspirante, deixa que tuas vitórias tragam a ti não a Vaidade, pois com o aumento do conhecimento acompanharia o aumento da Sabedoria. Ele que sabe pouco, pensa que sabe muito; mas o que sabe muito descobrira sua própria ignorância. Tu vês um homem sábio em sua própria presunção? Não há mais probabilidade de existir um tolo, do que ele.

6. Não sejas apressado em condenar outros; como conheces aquilo no lugar deles, tu poderias ter resistido a tentação? E mesmo se fosse assim, Porque deverias tu menosprezar aquele que é mais fraco do que tu mesmo?

7. Tu, portanto, que desejas Dons Mágicos, estejas seguro de que tua alma é firme e inabalável; pois é lisongeando tuas fraquezas que os Fracos ganharão poder sobre ti. Rebaixa-te ante teu Self; contudo, não temas nem homem nem espírito. O Temor é o fracasso, e o precursor do fracasso; e a coragem é o início da virtude.

8. Portanto, não temas os Espíritos, mas sê firme e cortês com eles; pois tu não tens direito a desprezá-los ou a injuriá-los; e isto também pode induzir-te ao erro. Domina e bane-os, amaldiçoa-os pelos Grandes Nomes se necessário for; mas nem zombes nem os insultes, pois assim, certamente, tu serás levado ao erro.

9. Um homem é aquilo que ele faz de si mesmo dentro dos limites fixados por seu destino herdado; ele é uma parte da humanidade; suas ações afetam não somente o que ele denomina de si mesmo, mas também a totalidade do universo.

10. Venera, e não negues o corpo físico que é tua conecção temporária com o mundo externo e material. Portanto, que teu Equilíbrio mental esteja acima dos distúrbios dos fatos materiais; vigora e controla as paixões animais, disciplina as emoções e a razão, alimenta as Aspirações Mais Elevadas.

11. Faze o bem aos outros para teu próprio bem, não por recompensa, não pela gratidão deles, não por compaixão. Se tu és generoso, tu não ansiarás que teus ouvidos sejam deliciados com expressões de gratidão.

12. Lembra que a força desequilibrada é perniciosa; que a severidade desequilibrada é apenas cueldade e opressão; mas que também a misericórdia desequilibrada é apenas fraqueza que consentiria e incitaria o Mal. Obra com paixão; pensa com razão; sê Tu mesmo.

13. O Verdadeiro ritual é tanto ação quanto palavra; é Vontade.

14. Lembra que esta terra é apenas um átomo no universo, e que tu mesmo és apenas um átomo disto, e que mesmo tu poderias tornar te o Deus desta terra na qual tu rastejas e te arrastas, que tu serias, mesmo então, apenas um átomo, e um dentre muitos.

15. Contudo, tem o maior auto-respeito, e para este fim não peques contra ti mesmo. O pecado que é imperdoável é rejeitar consciente e intensionalmente a Verdade, recear o conhecimento mesmo que aquele conhecimento não alcovites teus preconceitos.

16. Para obter o Poder Mágico, aprende a controlar o pensamento; admita somente aquelas idéias que estão em harmonia com o fim desejado; e não toda idéia difusa e contraditória que se apresente.

17. O Pensamento fixo é um meio para um fim. Portanto, presta atenção no poder do pensamento silencioso e da meditação. O ato material é apenas a expressão externa de teu pensamento, e, portanto, tem sido dito que "Pensar tolice é pecado". O Pensamento é o começo da ação, e se um pensamento ao acaso pode produzir muito efeito, o que não poderia fazer um pensamento fixo?

18. Portanto, como já tem sido dito, Estabeleçe-te firmemente no equilíbrio das forças, no centro da Cruz dos Elementos, a Cruz de cujo centro o Mundo Criativo brotou no nascimento da aurora do Universo.

19. Sê tu, portanto, pronto e ativo como os Silfos, mas evita frivolidade e capricho; sê enérgico e forte como as Salamandras, mas evita irritabilidade e ferocidade; sê flexivo e atento às imagens como as Ondinas, mas evita ociosidade e inconstância; sê laborioso e paciente como os Gnomos, mas evita grosseria e avarice.

20. Então, irás tu gradualmente desenvolver os poderes de tua alma, e encontrar te a comandar os Espíritos dos elementos. Por que esteves a convocar os Gnomos para alcovitar tua avarice, tu não irias mais comandá-los, mas eles te comandariam. Abusarias dos puros seres dos bosques e das montanhas para encher teus cofres e satisfazer tua fome de Deus? Rebaixarias os Espíritos do Fogo Vivo para servir a tua ira e ódio? Violarias a pureza das Almas das Águas para alcovitar teu desejo de devassidão? Forçarias os Espíritos da Brisa Noturna para servir a tua loucura e capricho? Saiba que com tais desejos tu podes apenas atrair o Fraco, não o Forte, e naquele caso o Fraco terá poder sobre ti.

21. Na religião verdadeira não há seita, portanto, preste atenção a que tu não blasfemes o nome pelo qual outro conhece seu Deus; pois se tu fazes isto em Júpiter tu irás blasfemar YHVH e em Osíris YChShVCh. Pergunta e tu irás obter resposta! Procura, e tu irás encontrar! Bate, e será aberta a ti!

Alquimia - A Grande Obra

Aqui vou procurar passar, de uma forma resumida, em que consistiu, e consiste, a autêntica alquimia. A maioria dos dicionários contribuiu para reforçar uma série de erros comuns, recusando-a, por considerá-la uma predecessora imadura, empírica e especulativa da química, com o único objetivo de transmutar os metais comuns em ouro. Embora seja certo que a química se desenvolveu à partir da alquimia, estas duas ciências não tem quase nada em comum. Enquanto que a química se ocupa dos fenômenos cientificamente verificáveis, a misteriosa doutrina da alquimia se refere a uma realidade escondida de ordem superior que conforma a essência que está na base de todas as verdades e religiões. A perfeição dessa essência é denominada Absoluta, pode ser percebida e compreendida como a maior Beleza de todas as Belezas, o maior Amor de todos os Amores e o mais Alto do Alto, só é necessário que a consciência se altere profundamente e passe do nível normal de percepção cotidiana (o chumbo) a um nível sutil e elevado de percepção (o ouro), de maneira que cada objeto se perceba com a forma arquetípica perfeita, contida dentro do Absoluto. A percepção da perfeição eterna do todo em todos os lugares é o que constitui a Redenção Universal. A ciência da alquimia, sagrada, secreta, antiga e profunda, também denominada a Arte Real ou Sacerdotal e Filosofia Hermética, esconde atrás de textos metafóricos e emblemas enigmáticos, os caminhos para penetrar nos segredos mais profundos da matéria e da natureza, da vida e da morte e da unidade, da eternidade e do infinito. Começarei, portanto, nos fixando no que era realmente os verdadeiros alquimistas pretendem conseguir. A alquimia não é simplesmente uma arte ou ciência que ensine a transmutar metais em ouro, mas sim, uma ciência sólida e verdadeira que ensina a conhecer o centro de todas as coisas, o que na linguagem divina significa o Espírito da Vida. Ao longo da história, os verdadeiros alquimistas, que menosprezavam as riquezas e os elogios mundanos, tentaram encontrar a Medicina Universal, a Panacéia. Essa Panacéia que, ao ser totalmente sublimada, se converte na Fonte da Juventude, a chave da Imortalidade, tanto em um sentido espiritual, como misteriosamente físico. Não só curaria todas as doenças, mas também poderia fazer com que o corpo rejuvenescesse e se convertesse finalmente em um corpo de Luz incorruptível. O Adepto, o que conseguiu o dom de Deus, receberia então, a tríplice coroa da Iluminação: Onisciência, Onipotência e Gozo do Amor de Divino. Mas muitos são os chamados e muito poucos os escolhidos, deve-se reconhecer que dentro desta minoria muitos poucos conseguiram alcançar o último objetivo. Os que assim o fizeram, constituem a Irmandade da Luz e estão vivos. Mas apesar de serem enormes as dificuldades que apresentam as doutrinas ocultas do Ocidente e do Oriente, são muito maiores as que se apresentam ao verdadeiro estudioso da alquimia. Especialmente se o que se pretende é ir além das análises superficiais que periodicamente vieram realizando os historiadores, psicólogos e outros eruditos. Se bem é certo que o estudo da alquimia através dos textos pode se tornar verdadeiramente desalentador, igual que o desesperançado estudioso pode descobrir nas pinturas alquímicas um caminho, repleto de maravilhas, para penetrar no coração da matéria. É que os alquimistas, através de suas imagens, expressaram de uma forma engenhosa e muito bela, coisas que nunca chegaram a escrever. Esta linguagem pictórica, onde todos os detalhes possuem um significado específico, exerce uma profunda fascinação sobre o observador sensível. Essa fascinação se produz sempre, independente de que as pinturas sejam compreendidas. Se o leitor contempla atentamente estas imagens, ou seja, se vai mais além da superfície, comprovará que muitas vezes correspondem a uma dimensão atemporal que se encontra em nosso interior mais profundo.

Não sei a origem e autor do texto