1 de janeiro de 2010

Um pouco de História...

Ir Kurt Max Hauser

Uma das perguntas mais intrigantes que se ouve, especialmente dos maçons recém iniciados, é sobre a origem de nossa Ordem. Mesmo maçons já mais experientes apresentam as origens mais diversas para começo da Maçonaria. Vamos ver a opinião exposta por alguns dos mais sérios escritores maçons.

O Irmão J. G. Findel, que nasceu em 1828 e faleceu em 1905, escreve em seu livro "História da Maçonaria", página 19: "Cegos pela ambiciosa vaidade de fazer atingir a origem da Instituição a uma antiguidade remota, alguns procuram atribuir a ilustração de certos membros ou se deixam extraviar pela analogia de certos símbolos e velhos costumes de Lojas com os antigos mistérios. Em lugar de inquirir como se introduziram esses usos na Maçonaria, apoiam-se em hipóteses para fazer sair delas a própria Instituição".

O Irmão Albert Lantoine, que nasceu em 1869, escreve em sua obra 'Trane-Maçonnerie chez Elle, na página 4: "O erro da maior parte dos escritores maçons consiste na preocupação que tiveram e na tentativa feita de basear a história da Instituição no seu simbolismo. Em virtude dos seus sinais de reconhecimento, de seus atributos e das normas do seu cerimonial terem alguma semelhança com os ntos das sociedades antigas, foram levados a deduzir - e a crer - que pertenciam a elas

J. Berteloot, padre jesuíta e profundo estudioso da Ordem, escreve em sua obra "Les Franc Maçons devant I'Histoire, na página 13: "Segundo a opinião quase unânime dos historiadores sérios que estudaram a Maçonaria, a sua origem mais verdadeira é a mais verossímil: ela descende das antigas corporações de mestres-pedreiros construtores de catedrais e igrejas, corporações formadas sob a influência da Igreja na Idade Média".

O Irmão Paul Naudon escreve em sua obra "Les Origines Religicuses et Corporatives de Ia Franc-Maçonnerie", na página 7: "Realmente, a história da Maçonaria é mal conhecida. As obras não faltam, sem dúvida, mas os historiadores são raros. A maior parte é apologia ou panfletos detratores, isto é, obras impregnadas de paixão, defeito inconciliável com o espírito Histórico".

Se fizermos uma verificação profunda, veremos que a primeira referência sobre a Maçonaria como organização surgiu em 1356, quando um Código de Regulamentos Maçônicos foi formalmente apresentado, na sede da Municipalidade de Londres, na Inglaterra. Em 1376, encontramos informações sobre a Companhia Maçônica de Londres, e é interessante observar sua evolução. De acordo com a Grande Loja, em 1463 ela arrendou terras e edifícios por 99 anos, sendo que as edificações foram transformadas em sede da Corporação Maçônica. No ano de 1472 recebeu a concessão de um Escudo, com a inscrição "Deus é nosso guia" e que, mais tarde, foi substituído pela expressão "Confiamos no Senhor". Este Escudo, levemente modificado, continua incluído no Escudo atual da Grande Loja Unida da Inglaterra.

O primeiro documento escrito conhecido sobre a Franco-Maçonaria é o chamado Poema Regius. Quem descobriu este poema foi um estudioso que não era maçom, chamado J. O. Halliwell-Phillips (o nome Phillíps foi acrescentado por ele mais tarde, para contentar seu padrasto). Este poema estava catalogado sob o título "Um Manuscrito de Obrigações Morais", no Museu Britânico. Sua história é incerta, porém, aparentemente, pertenceu durante algum tempo a John Thomas. O primeiro proprietário conhecido foi John Thayer, um colecionador de antiguidades que faleceu em 1673. Sua avó, Ann Hart Thayer, ofereceu sua biblioteca e antiguidades para a biblioteca de Bodley, em Oxford, porém a mesma não se interessou pelo assunto e assim todo o acervo foi vendido para Robert Scott, comerciante de livros em Londres, e depois foi vendido para Carlos II, em 1678, pelo preço de dois "shillings". Tornou-se depois parte da Biblioteca Real de Henrique VII, por isto o nome de Regius dado ao manuscrito. Em 1757, a Biblioteca foi dada de presente para o Museu Britânico por Jorge II. Em sua homenagem, a coleção ficou conhecida como "Coleção Regius".

Em 1839, Hailiwell apresentou um trabalho sobre este manuscrito, uma parte do seu trabalho foi publicado na revista "Arqueologia" em 1840 e, no mesmo ano, o poema foi reproduzido diversas vezes. Foi escrito por volta de 1390, tendo sido evidentemente copiado de um documento mais antigo. Escrito em um inglês antigo, era de difícil leitura para ser decifrado por um não lingüista. No decorrer dos anos seguintes, foi adaptado ao inglês moderno.

De acordo com o Manuscrito Regius, o Rei Athelstan, que subiu ao trono da Inglaterra em 925, foi neto de Alfredo, o Grande, e faleceu no ano de 940. Convocou os maçons para um encontro e então lhes deu novos e modernos regulamentos e os enviou mundo afora. James Anderson afirma que isto aconteceu no ano de 926 na cidade de York. O historiador e escritor maçom Coil, entretanto, observa que, nos documentos mais antigos e que são o Regíus e o Cooke, não mencionam a cidade de York, e inclusive discorda da data anual de 926, achando que provavelmente a reunião teria sido em 932.
Sem dúvida alguma, o livro mais detalhado sobre a Maçonaria e sua evolução é de Robert Freke Gould, em três volumes "A História da Franco-Maçonaria" pois ele, de maneira cautelosa, baseou-se em uma documentação séria, não se deixando levar por fantasias.

Os documentos mais antigos de Lojas foram encontrados na Escócia e existem até os dias atuais. Os documentos escritos da Loja "Mary's Chapel, da cidade de Edinburg, existem completos desde 1599. Na Inglaterra, de acordo com Gould," somente os documentos da Loja "Alnwick" entre as datas de 1700 e 1717 são conhecidos". De diversas fontes, sabemos do ingresso de Elias Ashmole em data de 16 de outubro de 1646, conforme consta em seu diário: 'Fui feito Franco-Maçom em Warrenton, no Lancashire, em companhia de Heniy Maínwanng" Ele ainda acrescentou o nome de sete membros da Loja. Os documentos desta Loja estão desaparecidos. Outrossim, não sabemos exatamente quando a Franco-Maçonaria ingressou na Irlanda. Provavelmente foi após a formação da Grande Loja da Inglaterra que iniciou a existência oficial da Maçonaria na Irlanda. Sem dúvida alguma, havia conhecimento de Maçonaria, pelo menos nos primórdios de 1688.

O Manuscrito de Cook, de 1410, continha o primeiro elo de ligação entre os maçons e o Rei Salomão. Harry Carr, em seu trabalho "Grande Loja", transcreveu o seguinte do Manuscrito: "Quando da construção do Templo de Salomão, que o Rei David iniciou, pois, este tinha grande apreço pelos maçons e lhes deu incumbências aproximadamente como as atuais. E quando da construção do Templo na época de Salomão, assim como está escrito na Bíblia, no III Livro de Reis". "Salomão tinha quatro mil maçons a seu serviço; e o filho do Rei de Tiro foi seu Mestre Maçom".

Grande grupo de historiadores acreditam que a Franco-Maçonaria seja descendente dos pedreiros. Ora, sem dúvida alguma, os pedreiros devem ter existido de alguma forma por todo o mundo, desde os primórdios, muito tempo antes da construção das pirâmides no Egito. Não há necessidade de muita fantasia para imaginar que existiram pedreiros ou outros artífices, desde que o homem primitivo começou a construção para abrigar-se das intempéries em casas ou edifícios. Isto, sem dúvida, necessitava de algum tipo de organização tomando-se, sem dúvida, uma especialização. Histórias na Bíblia e em outros velhos documentos contém esta teoria.

Não podemos ir além do século XVI para encontrar maçons especulativos nas Lojas Operativas, entretanto, não podemos deixar de acreditar que, anteriormente a este século, tenha havido alguma ligação entre clérigos e outras pessoas de certa cultura como os pedreiros operativos que, em sua maioria, não podiam ler nem escrever. Na obra "Grande Loja" se menciona que o primeiro registro de maçons não operativos aceitos foi em julho de 1634, quando Lord Alexander, Sir Anthony Alexander e Sir Alexander Strachan foram admitidos como "companheiros" na Loja de Edinburg (Mary's Chapel). O escritor Coil afirma da existência de maçons não operativos desde 1600, entretanto, McLeod acredita que isto não está correto, pois não há prova alguma. John Boswell, não operativo, assistiu a um julgamento de um Vigilante e não a uma sessão de Loja. O historiador Coil encontrou o ingresso de não operativos em Kelso no ano de 1652; em Aberdeen, no ano de 1670, e em Kilwinning em 1672. Outrossim, ele descobriu o último maçom operativo como membro da Loja Glasgow, em 1842.

Sobre a origem da palavra "Loja" igualmente há muita especulação. Pelos dicionários, temos a informação de que originou-se, provavelmente, das construções ou barracões onde os pedreiros trabalhavam e viviam junto às obras que estavam construindo. Lojas de maçons são mencionadas em 1352, na Catedral de Minster, na Catedral de Canterbury, em 1429, na Igreja de São Nicolau de Aberdeen, em 1483 e na Igreja de St. Giles, em Edinburg, em 1491. "Loja", primeiramente, se referia a organizações não fixas e permanentes, porém gradualmente se transformaram em locais fixos, como a de Edinburg em 1598.

Retirado do site http://www.samauma.biz/site/portal/conteudo/opiniao/g00303maconaria.htm

Um comentário:

  1. Parabéns meu irmão pelo Blog. Queria dizer também que seguindo a linha daqueles que acreditam que a Franco_maçonaria tem sua origem na operatividade, há referências históricas de Escolas de Construtores Em Roma e na Grécia, segundo relato de Numa Pompílio, no ano de 470d.c, inclusive cita-se um famoso construtor de Pontes conhecido como Vitrúvio. Edson Couto

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