30 de maio de 2010

Palavras de um Aprendiz

Quando nos tornamos maçons aprendemos como devemos nos esforçar para sermos pessoas melhores, nos aperfeiçoarmos, evoluirmos e consequentemente como recebedores, somos chamados a nos tornar doadores de tudo aquilo que nos foi entregue, de tudo aquilo que foi alcançado, pois nada nos pertence, somos simples guardiões de conhecimento que será usado dia-a-dia como argamassa a unir e construir nosso templo maior, a humanidade. Nossa responsabilidade é grande pois ao atendermos o chamado, como verdadeiros maçons, devemos reconhecer nossas limitações, nossos medos, nossas falhas, aprender com elas e nos superarmos, esta é nossa meta, não somente receber a luz, mas amplia-la, difundi-la, e principalmente entende-la.
É um paradoxo querer levar a outros algo incompreensível a nós mesmos, nossa racionalidade cartesiana se rebela contra nossa alma, nossos atos se chocam com nossa vontade, o caos se torna palpável, principalmente para os que trilham o caminho a pouco, estes ainda conseguem enxergar o umbral atrás de seus passos e a visão de um retorno ao lugar de inconsciência e conforto se torna tentadora para todos que não teem realmente coragem de continuar sua jornada, pois ela é solitária e sem volta, o que foi jurado não pode ser desfeito.
Desta forma seguimos nossa jornada, tentando aprender com tudo a nossa volta, reavaliamos nossas experiências, amigos, certezas e nossa vida parece ter novo significado, começamos a vislumbrar que algo maior ainda esta por vir, e que só estamos nos preparando para seguir mais e mais adiante, somos simples aprendizes, queremos discutir, ouvir, ler, dialogar e perguntar, como crianças ansiosas.
Aprendemos que a sabedoria é o que vai desbastar nossa ignorância, ela tornara mais e mais bela a pedra bruta e informe que representa nosso estado de mediocridade e estupidez ao qual estamos ligados desde a muito, mas para isso precisamos de força de vontade, de fé, de esperança, precisamos acreditar, precisamos sentir em todo nosso corpo e alma aquilo que os mais experientes chamam de Grande Obra, precisamos construir, precisamos destruir, nada será feito sem sacrifício, esta é uma senda iniciatica e não se engane aquele que pensa que estamos em um mundo de faz de conta, estamos no mundo real, com conseqüências reais e fatos reais, não se iludam, a Grande Obra não se descobre, se constrói. Sendo assim, somos muitas vezes chamados bruscamente de volta ao caminho quando nos desviamos dele, nossos passos agora podem ser ouvidos em terras distantes e a atenção que nos é dada é cobrada. Nada é fácil, somente justo e perfeito.
Bem, assim será o caminho trilhado, assim é nossa jornada, mas as armadilhas se apresentam, as provas a nosso conhecimento se apresentam, mas como nos foi dito como aprendizes, a alquimia verdadeira não se executa externamente mas interiormente, VITRIOL, desta maneira devemos estar atentos para não darmos a nossa obra somente aspecto magnífico, com um verniz intelectual estupendo, isto é fácil, o que muitos se esquecem é que ela deve estar adornada internamente com nossa Ancora, nossa Cruz e nosso Cálice.
Mais que degraus, estamos galgando nossas limitações, nossos medos e preconceitos, buscar o equilíbrio neste vórtice pode ter um peso esmagador, mas é necessário. Prudência, pois os traidores aparecerão, sabedoria, pois mentiras serão ditas, força, pois batalhas precisam ser vencidas e seu maior inimigo esta exatamente onde ninguém pode alcançá-lo, somente você pode vê-lo, somente você pode enfrentá-lo, e se lembre que vitórias não se alcançam somente com morte e destruição, mas também com reconciliação e paz.
Quando olho para meu filho vejo promessas de paz e harmonia, vejo potencial, vejo felicidade, mas quem sou eu para querer algo? Aprendi que nada nesta vida é acaso, e que nada acontece sem uma causa e efeito. Aprendi isso como pai, essa lição me mostrou que por mais que criemos, nunca podemos controlar o que esta a nossa volta, a natureza das coisas visíveis e invisíveis ainda nos é muito estranha e não temos ainda capacidade de entender o quão sublime pode ser a vida, temos esses lampejos quando vemos um sorriso, um amor incondicional, e isso as vezes quase nos leva as lágrimas, imaginem todo esse amor em sua magnitude. Essa é nossa busca.
Se buscamos a perfeição? Não. Buscamos o entendimento, buscamos a paz de nossos próprios medos, a harmonia de uma vida bela e a felicidade de um retorno a nossa casa celestial, para um novo retorno terreno de buscas e aprendizado.
O mundo gira, o universo não é estático, tudo vibra. Cada molécula de nossas células, pequenos milagres, que nos fazem viver e buscar. A aspiração ao divino deve ser entendida como uma busca própria onde erros e acertos são paradoxos, pois não existe certo e errado, existe o equilíbrio, nossas lojas são exemplo disso, Norte e Sul se completam como o Oriente não pode governar sem o Ocidente, a dualidade se expressa, essa mesma dualidade tende a nos fazer pensar em opostos, nunca em uma coisa mesma, ai reside um grande problema para nossa compreensão. O bem e o mal, a luz e a escuridão, o novo e o velho, não são coisas diferentes, mas a mesma coisa, extremos que se tocam e se completam, um não existe sem o outro, tudo se completa e se destrói para renascer novamente em um ciclo infinito. A manifestação divina sobre a Terra é dual e se equilibra com sabedoria divina, ai esta o triângulo, ai esta a busca ai esta o destino, equilíbrio e compreensão.
Que a jornada seja bela, pois o destino será sempre único, sendo assim, aproveite a caminhada, e não se preocupe em chegar, mas sim em estar no caminho.

Que assim seja.



Cristiano Soares Gomes de Castro
M.´.M.´.

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